RESÍDUOS MEDIEVAIS NA RELAÇÃO PATRÃO-EMPREGADO NO SERTÃO NORDESTINO

LEONILDO CERQUEIRA MIRANDA

Co-autores: ELIZABETH DIAS MARTINS
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

O nordeste brasileiro tem muito da essência medieval europeia, pois os colonizadores que aqui chegaram trouxeram consigo os costumes, as crenças e todo o tipo de tradições mediévicas, sobretudo aquelas de natureza oral. Assim, a mentalidade do Velho Mundo continuou viva, apesar de em terras brasileiras, e, naturalmente, entrou em contato com outros modos de pensar. Desse modo, a tradição medieval permaneceu pulsando nas novas terras e adquiriu novas roupagens. Até mesmo a literatura popular, que muito deve ao medievo, sempre fez questão de perpetuar tais heranças, conscientemente ou não. Este trabalho, portanto, fará uma análise de dois poemas em que surge a relação entre coronel e sertanejo nordestinos, pois acredita-se serem estes uma retomada do que foram o senhor e o servo feudais na Europa. Para tanto, utilizar-se-á a Teoria da Residualidade como base teórica deste estudo. A Teoria, sistematizada por Roberto Pontes, pesquisador da Universidade Federal do Ceará, tem como maior premissa o fato de que na Literatura nada é original, ou seja, tudo o que se cria traz em si heranças de povos e culturas diferentes e, por vezes, distantes no tempo e no espaço, mas que de alguma forma se entrecruzaram. Portanto, pode-se concluir que o coronel e o sertanejo a serem retratados nos poemas "Pergunta de moradô", de Geraldo Gonçalves de Alencar, e "Resposta de patrão", de Patativa do Assaré, são resíduos da mentalidade feudal que se adaptaram ao novo contexto socioeconômico, adquirindo, assim, novo formato, porém, mantendo a essência medieval.