A EMERGÊNCIA DE MULHERES POBRES NA PESQUISA EM HISTÓRIA DA RIBEIRA DO ACARAÚ: LIVRES, ESCRAVAS E FORRAS (SOBRAL, CE, SÉCULO XVIII)

MARIA RAKEL AMANCIO GALDINO

Co-autores: FRANCK PIERRE GILBERT RIBARD (ORIENTADOR)
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

A 'Ribeira do Acaraú' correspondia no século XVIII a maior parte da atual região Noroeste cearense, onde está inserida a cidade de Sobral. A respeito desse espaço e da dinâmica dos primeiros habitantes, há ausência de escritas a respeito das atuações femininas, sobretudo, as mulheres pobres, que buscamos captar nesse trabalho, bem como perceber seus conflitos, tensões e negociações junto ao poder vigente, sob o domínio de pais, maridos, senhores, transitando para além das restrições desses, como ocorreu entre escravas e forras. Para compreender essas movimentações, utilizamos as contribuições teóricas e metodológicas da História Social, afinal, para situar essas mulheres a partir da documentação colonial, é necessário observá-las através das minúncias, dos detalhes. Percebemos, assim, que a colonização dos sertões, envolveu trabalhadoras pobres livres, escravas, e forras em movimento, ora dentro dos moldes do poder estabelecido, ou avessas, como ocorreu à "Negra Paula escrava", condenada "em duzentos reis por a ter vendendo fumo por uzar de Vendão o fazer por Libras" (Livro das Vereações da Vila Distinta e Real de Sobral, 1773, fl. 34f-v). As transgressões, por exemplo, não citam as necessidades e anseios das escravas, mas podem embutir vários significados. Portanto, refetir sobre a necessidade de incluir as mulheres pobres, a partir de novas abordagens é fundamental para compreendermos a dinâmica cearense, percebendo outros sujeitos para a historiografia colonial.