A proposta de comunicação aqui apresentada tem a pretensão de analisar o corpo com sua beleza, suas dores, seus sofrimentos e suas misérias. Mais precisamente, o corpo presente na novela intitulada "Violação" de Rodolfo Teófilo. Obra esta publicada pela Biblioteca da Padaria Espiritual em 1898 e reeditada em 1979, juntamente, com "A Fome" pela Editora José Olympio e a Academia Cearense de Letras. "Violação" é uma tentativa de unir memórias de Rodolfo Teófilo e ficção. Nesta obra, o farmacêutico narra sua infância em Maranguape durante o surto de cólera de 1864 quando seu pai era o médico encarregado dos cuidados da população desta localidade e esta enfermidade não poupou nem mesmo ele e sua família, todos foram tomados pela doença e somente Rodolfo não contraiu esta, passando, assim, a cuidar de todos naquele momento; além de ter como clímax o estupro do cadáver de uma jovem por dois padioleiros bêbados, enquanto seu noivo, atirado como morto em uma pilha de outros cadáveres, assiste a tudo. Procura-se, assim, entender através do olhar de um intelectual as representações, os vários significados ou as classificações atribuídas aos corpos doentes de cólera e aos corpos belos descritos na obra por Rodolfo Teófilo em fins do século XIX. Tentando, neste sentido, observar que o corpo não é somente uma materialidade biológica, mas algo que denota inquietações tanto de caráter econômico, como político, social, cultural ou religioso, provocando assim a relevância e o interesse de seu estudo pelo historiador.