DESAMOR AO TRABALHO: A VADIAGEM E OS JOGOS DE AZAR NO COTIDIANO FORTALEZENSE (1900 – 1930)

MARIA ADAIZA LIMA GOMES

Co-autores: FRANCISCO CARLOS JACINTO BARBOSA
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

 

Desamor ao trabalho: a vadiagem e os jogos de azar no cotidiano fortalezense (1900 - 1930)

 

Autor: Maria Adaiza Lima Gomes[1]

Coautor: Francisco Carlos Jacinto Barbosa[2]

 

 

 

Usando como base a discussão feita por Lúcio Kowarick, a respeito da origem do trabalho livre no Brasil, e por Walter Fraga Filho, sobre a vadiagem, este trabalho tem o intuito de refletir a representação do jogo de azar como atividade contrária ao trabalho, sinônimo de vadiagem. No Brasil, apartir da abolição, começa-se a sentir uma necessidade de incorporar os trabalhadores nacionais ao processo produtivo. Então para suprimir a falta de mão-de-obra procura-se conquistar o trabalhador nacional. Assim, começa-se a elaborar discursos a respeito do trabalho, procurando representá-lo com uma visão de atividade positiva. Começa-se a implantar uma nova imagem ao seu respeito. A de que o homem precisa do trabalho, que este o engrandece e de que este deve ser visto como um valor.  A partir daí, passa-se a tentar introduzir nesses indivíduos a representação da vadiagem como algo degradante, e do trabalho como algo glorificante e necessário para o homem civilizado que aspira a ordem e o progresso, os que se recusam a trabalhar são vistos como exteriores à sociedade, como vagabundos. Nas cidades que se pretendiam modernas e civilizadas, disseminou-se a concepção de que as pessoas que estivessemfora do processo produtivo, deveriam ser consideradas desviantes. A vadiagem, então, é vista como desamor ao trabalho, possibilidade do ócio e do festejo, isso degrada o homem. De acordo com essas ideias, o jogo como atividade realizada no momento de ócio passa, assim, a ser uma prática que deve ser evitada. O homem trabalhador deve ser voltado para as atividades relacionadas ao trabalho e à família. Na lógica capitalista, tempo é dinheiro. Então não se deve perder o tempo em que se deveria estar produzindo, com atividades improdutivas. O jogo, visto como atividade contrária ao trabalho, é sinônimo de vadiagem. Sendo uma atividade improdutiva, demonstra o desamor ao trabalho, e o amor ao ócio. Ainda é visto como figura do gasto e não da aquisição, e mesmo que se tivesse aquisição, esta não seria digna, pois não vinha do trabalho. Lugar de emoções e paixões pode ser visto como fuga da "rotinização" da vida cotidiana gerada pelo trabalho nos moldes capitalistas.

 

Palavras chave: Trabalho - Vadiagem - Jogo de azar

 


[1] Universidade Estadual do Ceará - UECE

[2] Universidade Estadual do Ceará - UECE