A base econômica da cidade de Sobral advinha da pecuária, no entanto, de acordo com alguns historiadores, a pecuária não se classifica na categoria de modernidade, pelo menos na época, pois se tratava de uma economia bastante rudimentar. Razão esta que nos leva a refletir sobre tal alardeada modernização, modernidade esta que pode não ter sido tão compreensiva assim, não no tocante a sociedade sobralense no geral.
A modernização da cidade de Sobral, no que toca ao público e ao privado, eletricidade e transportes públicos, deu-se a partir do século XX, basicamente na primeira metade do século. Esta data foi a data em que a cidade teria visto as primeiras lâmpadas acenderem e os primeiros bondes a andarem. A iluminação pública, durante um longo período de tempo, era destinada apenas para consumo das elites da cidade, deixando os pobres, habitantes das áreas externas da Meia Lua, área central da cidade, de fora. Este foi um fator que deu margem para que se pensasse na relatividade dessa modernidade. Além do transporte público e da eletricidade, outros sinônimos de modernidade adentraram a cidade nesse período, tais como os cinemas e as estradas de ferro, que se popularizaram ainda mais durante o transcorrer do século.
A idéia de realizar este trabalho, sobre tais fatores, surgiu a partir de várias inquietações e diálogos com elementos que constituem a memória da cidade de Sobral, dentro do enfoque da modernidade. Tentando apresentar e configurar pesquisas sobre a cidade, percebendo de forma explícita algumas mudanças e divergências vistas através da memória da cidade.
Propomos estudar o desenvolvimento da cidade de Sobral a partir do público e do privado, envolvendo o laser e o trabalho, focando espaços que se tornaram cartões postais, além de ouvir a voz de personagens figurantes e anônimos desta relativa modernidade.
Desta forma, a realização deste trabalho, se da a partir do exercício da pesquisa e estudos pautados na modernidade e na memória, possibilitando a análise dentro do campo da História social e cultural, além de uma dinâmica envolvente e criativa de expressar interpretações do vivido, tudo isso através da leitura de jornais e da oralidade dos velhos. Aceitando toda a complicação do trabalho, visto que lidar com oralidade, em contraposição a imprensa, não é algo fácil.