A CIÊNCIA NATURAL DE ANTÔNIO BEZERRA EM NOTAS DE VIAGEM (1889)
Paulo Italo Moreira - Graduando em História/UFC
E-mail: paulomitalo@gmail.com
Orientador. Dr. Almir Leal de Oliveira
Esta pesquisa tem por objetivo central analisar o naturalismo cientificista de Antônio Bezerra de Menezes (1841-1921) no livro Notas de Viagem, publicado em 1889. Este livro foi resultado de viagens realizadas pelo intelectual, a pedido do Governo Provincial, ao sertão do Ceará nos anos 1884 e 1885. Sua narrativa é a crônica de viagem onde descreveu os aspectos político-administrativos das vilas e cidades, aspectos do cotidiano dos moradores, meios de subsistência das populações, mas, sobretudo, aspectos naturais, como clima, geologia, zoologia, fontes naturais, rios, vegetação, etc. A descrição da viagem é feita com lirismo, na qual ele vai construindo a paisagem cultural da natureza dos sertões e serras do norte da Província do Ceará. Além disso, utilizando-se dos procedimentos de cientista natural, Bezerra procura inventariar os recursos naturais da região norte do Ceará, na tentativa de mapeá-los em uma escala de importância e utilidade para o Governo Provincial. Antônio Bezerra foi um intelectual bastante atuante nos círculos letrados de Fortaleza na segunda metade do século XIX, e participou de vários jornais, revistas, instituições científicas e literárias. Publicou artigos, poemas, discursos, descrições geográficas e estudos históricos, transitando em diferentes gêneros narrativos. Em 1887, ele foi um dos sócios fundadores do Instituto Histórico do Ceará e, como historiador, foi um dos responsáveis pelo estudo e documentação das origens da colonização da região. Na minha pesquisa, busco inventariar os procedimentos que o caracterizam como cientista natural, e intento analisar esses inventários para perceber os meandros da constituição da ideia de cientista natural corrente na capital cearense no período em questão, comparando e relacionando, desta forma, Notas de Viagem com escritos de outros autores que utilizam a ciência natural como premissa básica para o entendimento da vida, da sociedade.