Durante a ocupação holandesa no Nordeste do Brasil, ato este que os holandeses justificavam por um tripé econômico, político e religioso, os índios brasileiros viram-se envolvidos num conflito entre duas nações europeias sensivelmente diferentes: a nação portuguesa, católica, com um modelo de colonização marcadamente rural e a holandesa, protestante cujos colonos concentravam-se nos núcleos urbanos. Lutando em lados opostos Felipe Camarão pelos portugueses e Pedro Poty pelos holandeses, trocaram diversas cartas, onde além de apelarem um ao outro para que mudassem de lado, comentam a situação da guerra e dos países beligerantes, expõe suas diferenças religiosas (ambos são cristãos: Camarão é católico e Poty, protestante) e oferecem um panorama sobre o tratamento dispensado aos índios por parte dos europeus, que necessitavam do nativo americano como força auxiliar para manutenção de seus respectivos sistemas coloniais no Brasil. Por meio da análise de uma das cartas trocadas entre os dois chefes indígenas este trabalho procura apresentar a temática dos índios no Brasil Holandês e a forma que eles como eles percebiam ser tratados pelos europeus e a postura que resolviam defender frente ao tratamento que julgavam receber.