Esta pesquisa, em fase de conclusão, analisa os processos sociais das práticas mortuárias e as representações a respeito da morte a partir da atuação da empresa funerária Assistência Familiar Anjo da Guarda, em Limoeiro do Norte-CE, (1989). Dessa forma, analisamos como esta funerária se inseriu nas mudanças das práticas mortuárias introduzindo na sociedade uma lógica comercial e um discurso do "bem morrer" com a compra de um plano funerário. Percebemos que até meado dos anos de 1970 o velório e o enterro do morto eram de responsabilidade das próprias famílias, que tinham a preocupação de limpar, vestir (amortalhar), encomendar a urna (caixão) e preparar o enterro. A partir da inserção dos serviços funerários todos esses cuidados ficam a cargo das funerárias que providenciam tudo sem que os familiares se preocupem com essas questões. O que percebemos é que a sociedade da assepsia e do individualismo vem se constituindo e se consolidando ao mesmo tempo em que os indivíduos se afastam da morte e daquilo que ela representa. Portanto, é inegável que as atitudes diante da morte tenham sofrido modificações e que os sentimentos que cercavam este evento ganham novas configurações. Utilizamos com fonte a oralidade, a partir de entrevistas realizadas com funcionários da funerária Anjo da Guarda e clientes que aderem aos planos funerários. São analisados os contratos e fichas de adesão dos planos assim como as cartilhas de propaganda da empresa acima citada tentando perceber qual o jogo de marketing utilizado para convencer os clientes a comprarem os planos.