IDENTIDADE DE GENERO NA BIOLOGIA DO ENSINO MEDIO: AUSÊNCIA QUE REFORÇA OS PRECONCEITOS E DISCRIMINAÇÃO

ROBSON DE LIMA RIBEIRO

Co-autores: MÁRIO CÉZAR AMORIM DE OLIVEIRA
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

Atualmente ocorre uma ampla discussão sobre as questões que envolvem gênero e sexualidade na escola, em que a matriz cultural heteronormativa apresenta gênero como a identidade adotada por um indivíduo de acordo exclusivamente com seus genitais. Levando essa discussão para o ensino de Biologia no ensino médio, as abordagens referentes a sexo caracterizam-se pelo estudo das espécies que estão divididos em duas ou mais categorias denominadas sexo biológico, categorias essas referentes a grupos complementares que podem combinar seu material genético, o DNA, através da combinação, chamado de reprodução sexual; a despeito de uma série de outros conceitos referentes a gênero e sexualidade que caberiam nos estudos de Biologia, como: identidades e papeis de gênero, transsexualidade, orientação afetivo-sexual; sempre na perspectiva da acolhida da diversidade sexual. Nesse sentido, o objetivo desse trabalho é analisar a ausência do diálogo sobre as questões de gênero no ensino de Biologia a partir das experiências discentes no ensino médio, procurando reconhecer sua contribuição na manutenção de preconceitos e discriminações contra as "minorias". Nos três anos de ensino médio, não tive contato com nenhum desses conceitos nas aulas de Biologia, que se restringia ao estudo dos ‘órgãos reprodutores masculino e feminino', termo que explicitamente indica os papeis sexuais esperados por homens e mulheres (os reprodutivos) condizentes com a matriz heteronormativa vigente e que exclui qualquer outra vivência sexual; como também o processo de reprodução e gestação, as DST e sua prevenção e, mais especificamente, HIV/AIDS. Com esse currículo, instaura-se na disciplina de Biologia no ensino médio uma ditadura heterossexista que contribui na manutenção dos preconceitos e da discriminação contra aqueles que não seguem os padrões preestabelecidos pela sociedade, normalmente associados aos papéis reprodutivos binários de macho e fêmea.