A resistência com que o ensino se levanta neste tempo é alavancada por uma sensibilidade comum e confrontada, no meio político, com o desmonte dos recursos que lhe sustém. Tomamos aqui a dimensão de compartilhamento de uma sensibilidade e da condição de luta com que conseguiremos diminuir o abismo entre o homem e o mundo. Juntamente com o filósofo Albert Camus (1913 - 1960), tomamos enquanto objetivo pensar como a via de mão dupla da educação se fez essa estrada que corta e percorre a realidade e o cotidiano. Dessa maneira, utilizamos dois conceitos importantes para o autor em questão: o absurdo como a relação que leva às últimas consequências a cisão existente entre o homem e a vida, e a indiferença figurando como o outro elemento do jogo de educar e sobre a qual tenta se sobrepujar. Tentamos extrair do gesto do ensino de filosofia o que ele supõe e como essa atividade se esgota e é esgotada na relação. Para tanto, aproximaremos da construção do ethos docente o filme Detachment, na qual são narradas o paradoxo do fazer do educador, com as marcas psicológicas deixadas pela caminhada individual e coletiva dos docentes. Assim, queremos exaltar dessa relação como podemos efetivar uma transformação, através da educação, dos modos jáa esgotados das relações na sociedade capitalística a partir da dimensão de suas revoltas incessantes. O educador é aquele que enfrenta cotidianamente a indiferença e sabe-o bem, porém sua atividade absurda inflama seu coração de energia para que percorra a longa estrada sem fim do ensino. A educação é tomada, portanto, como uma atividade de criação e doação de sentido, apesar de o chão em que se move ser tão incerto quanto seu desejo de completude.