USOS E ABUSOS DAS NOTÍCIAS SOBRE O CANGAÇO NA IMPRENSA DO CEARÁ NAS DÉCADAS DE 1920 E 1930

FRANCISCO WILTON MOREIRA DOS SANTOS

Co-autores: TYRONE APOLLO PONTES CANDIDO
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

A violência vai ser marca do sertão cearense desde o seu período colonial, emergindo de várias formas e imbricadas nas suas organizações destacando-se na construção das memórias coletivas. Os jornais eram veículos importantes na propagação de ideias e contribuíram nas maneiras de perceber a violência. Deste modo, este trabalho objetivou compreender as experiências violência no sertão por meio dos jornais cearenses A Lucta (1920-1924); O Sitiá (1925-1927); A Imprensa (1920-1932); A Esquerda (1928); O Nordeste (1922-1938) e O Povo (1928-1930) durante as décadas de 1920 e 1930. Nosso ponto de partida são os jornais cearenses anteriormente mencionados. É através da coleta de dados e releitura das matérias em que aparecem os termos da pesquisa que conseguimos traçar o perfil dos jornais que nos propomos pesquisar e assim, analisar os discursos sobre o cangaço em suas páginas. Além de perceber a urgência que o tema recebia uma vez que a maioria das matérias e notas que versam sobre o cangaço estampavam as primeiras páginas. Devemos lembrar que os jornais do início do século XX eram um forte veículo centrado em um debate político e ideológico e direcionado para um público erudito, onde a capital cearense almejava alcançar ares de civilizada aos moldes das grandes cidades mundo à fora. Para tanto, o crime era inaceitável e violência física era condenada, obviamente. As notícias sobre o cangaço serão utilizadas como formas de promoverem ataques ao governo alertando para sua inoperância e também para desqualificar indivíduos associando-os como protetores de facínoras, por exemplo. Essas notícias, são apresentadas para os leitores sob "diferentes níveis morais", construindo de maneiras diversas a abordagem da violência, orientados, principalmente, pelos ideais de "civilidade".