PERFORMANCES DISCURSIVAS E SUBJETIVIDADE DE GÊNERO: UMA CARTOGRAFIA DOS JOGOS DE LINGUAGEM DE MULHERES CICLISTAS EM FORTALEZA

GILIAN GARDIA MAGALHAES BRITO

Co-autores: GÍLIAN GARDIA MAGALHÃES BRITO e CLAUDIANA NOGUEIRA DE ALENCAR
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

Este trabalho compreende uma pesquisa mais ampla, parte de dissertação de mestrado acadêmico no Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada da Universidade Estadual do Ceará. E é partir do crescente debate sobre a linguagem como forma de ação, sobretudo no que diz respeito às práticas discursivas, indagamos de que maneira as experiências socioculturais, nas vias urbanas, em uma bicicleta, acrescentam significados a uma identidade de gênero sempre em curso. Na mesma via, questionamos de que forma tais práticas discursivas podem se constituir em discursos transformadores e colaborar para um redimensionamento das relações de poder no espaço urbano. Em meio a um contexto de implicações sócio-político e cultural nos estudos críticos sobre linguagem e identidade de gênero, a pesquisa em análise crítica do discurso vem ganhando forma e corpo. Pretendemos aqui, construir um elo entre os aspectos de análise que se referem à construção das identidades subjetivas de gênero dentro da acepção dialógica das práticas discursivas. Nesse contexto, devemos ainda salientar a importância de leituras de(s)coloniais (QUIJANO, 2005) sobre a reflexão tradicional sobre as identidades de gênero que as entende bem mais como oriundas de uma objetividade natural e ou ideológica que de relações sociais, através das quais os sujeitos, principalmente as mulheres, puderam se re-interpretar (VARIKAS, 1994). Então, a fim de multiplicar os sentidos de nosso percurso cartográfico e embasar nossas leituras sobre subjetividade de gênero, a partir de agenciamentos coletivos de enunciação (VIVEIROS DE CASTRO, 2002), nossa pesquisa fará reverberar vozes de concepções da Nova Pragmática (RAJAGOPALAN, 2010, SILVA, FERREIRA & ALENCAR, 2014), Cenografia (MAINGUENEAU, 2005 e 2008), Teoria Social do Discurso (FAIRCLOUGH, 2016), Teoria dos atos de fala (AUSTIN, 1990), Identidades (HALL, 1997, GIDDENS, 2002), Subjetividade e história das mulheres (VARIKAS, 1994),  Jogos de linguagem como formas de vida (WITTGENSTEIN, 1980. Caminhos da pesquisa nos permitem perceber: um jogo de linguagem se constitui no circuito ciclístico de mulheres em Fortaleza. Ao usarem a linguagem como protesto ou como que para marcar seu espaço no trânsito, como o fazem ao não comporem a tal fila indiana, ocupando maior espaço no trânsito, elas promovem, fazem com as palavras, estabelecem formas de vida, constituem mais que jogos verbais no cotidiano. Essas mulheres ciclistas constroem identidades no jogo que fazem na e pela linguagem. Reconstroem o mundo e as relações nele existentes através de seus corpos-falas, de sua linguagem.