A VISAGEM DA MOÇA CAETANA: UMA ESTÉTICA FEMININA PARA A MORTE NO ROMANCE DE ARIANO SUASSUNA

JOSSEFRANIA VIEIRA MARTINS

Co-autores:
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

 

Na obra de Ariano Suassuna a morte fez-se uma temática recorrente, como por exemplo, em sua publicação mais reconhecida, o Auto da Compadecida, cujo ápice é o julgamento final do personagem João Grilo. Além disso, o centro histórico-geográfico de sua ocorrência é o sertão, tendência aprofundada nos romances A Pedra do Reino e O Rei Degolado. Neles, com base nas referências da tradição oral, Suassuna apresenta-nos o "mito armorial da morte" no sertão, que ele denominou Moça Caetana um misto de mulher e onça, que profetiza o "mal irremediável" para o homem sertanejo, espreitando-o. Esta recriação imagética buscava, segundo o próprio escritor, subsidiar um "alívio estético" a uma experiência tão marcadamente violenta e dolorosa. Sendo assim, o objetivo deste trabalho é problematizar a construção de uma estética feminina para a morte e que se encontra representada no mito da Moça Caetana. Para isso, tomaremos como aporte as possibilidades interdisciplinares entre gênero, história e literatura visando à investigação das representações em torno da mulher no discurso suassuniano. Assim, migraremos de uma constante faceta casta ligada à religião, como é o caso da figura da Compadecida em seu teatro, à perspectiva de sexualização do corpo feminino submetido a um tratamento mítico e estético em seu romance.