O realismo fantástico se configura enquanto gênero literário que mescla elementos do que concebemos como o mundo real e o insólito. Nessa perspectiva, tendo influências do horror clássico do século XIX, além de uma visão sócio histórica sobre os fenômenos humanos e fantásticos, que muito remete ao realismo maravilhoso latino, Guillermo del Toro transpõe para as telas de cinema esse gênero entregando premiadas obras de grande esmero estético e algumas particularidades sob sua visão acerca da fantasia. Analisando por base quatro de seus filmes: A espinha do diabo (2001), O labirinto do fauno (2006), A colina escarlate (2015) e A forma da água (2017), este trabalho objetiva analisar aspectos estéticos desses longas, também pensando suas contribuições para o campo analítico histórico e a extensão do gênero fantasia no cinema em consonância com concepções literárias, pensando a ideia de del Toro acerca do fantástico tomada de monstros e fantasmas, que nem sempre serão a face da maldade como se costuma pensar a beleza enquanto sinônimo de bom e feiura como sinônimo de ruim, tendo tais ideias também em del Toro uma construção por base política e social. Em perspectiva interdisciplinar, dialogamos com Tzvetan Todorov (1977), Irlemar Chiampi (1980), Vera Follain de Figueiredo (2013), Umberto Eco (2013), dentre outros.