O presente trabalho propõe analisar, sob as perspectivas da Igreja Católica, em permitir a realização do culto de um beato como "santo" seguido de todos os atos e ritos de comemoração permitidos pela Igreja e pela representação do povo. De um lado um beato de batina, do outro o mesmo beato vestido de calção. Com base nas abordagens dos textos que discorrem sobre conceitos em torno do tema, Câmara Cascudo (1988), Vieira (1986), Catão (2009), Tinhorão (2000), Silva (2015), Kerche (2004), Lessa (2012), Candau (2012), Garcia Canclini (2013), embasamos nosso trabalho. Dessa feita, fazemos uma análise que nos faz refletir sobre questões ligadas, desde o período colonial do Brasil à contemporaneidade, acerca da devoção e culto a São Gonçalo, que se tornou uma manifestação popular folclórica estabelecida pelo povo e formalizada pela Igreja Católica. Nessa perspectiva, essa abordagem nos leva a compreender a posição hierárquica que tem e que envolve os preceitos da Igreja Católica, quanto ao simbolismo de um ritual. O beato cultuado pelo catolicismo e, que tem uma igreja em sua homenagem, está representado de batina pertencente à ordem dominicana, cajado, evangelho e esplendor. Uma imagem posta repleta de significado de grande relevância em sua representação; as roupas significam sua passagem de vida enquanto homem de conduta e estudos aos conceitos de São Domingos, o cajado denota que durante sua vida foi um bom pastor guiando o povo ao "bom caminho", o evangelho, o que espalhou durante sua peregrinação a palavra de Deus e por último e, não menos importante, o esplendor posto para demonstrar a glória e o prestígio que o beato teve após sua morte. Neste contexto, buscamos apresentar uma breve análise histórica e conceitual da trajetória de São Gonçalo desde Portugal a sua chegada ao Brasil.