LETRAMENTO DE RESISTÊNCIA EM INSUBMISSAS LÁGRIMAS DE MULHERES

MARIA VALDENIA DA SILVA

Co-autores: MARIA DE FÁTIMA VASCONCELOS DA COSTA
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

 

A presente comunicação configura um estudo sobre o letramento literário, considerando a necessidade de se discutir as questões étnico-raciais e de gênero em sala de aula. A partir da análise dos contos de Conceição Evaristo, inseridos na obra Insubmissas lágrimas de mulheres, publicada em 2016, o objetivo fulcral deste trabalho é delinear os atos de resistência em decorrência das marcas de violência sofridas pelas personagens das treze narrativas cujas histórias apresentam ao leitor a reflexão acerca das relações violentas no espaço familiar, fruto da desigualdade de gênero do sistema patriarcal, que objetiva moldá-las e mantê-las submissas. O nome da escritora mineira Conceição Evaristo figura como um dos mais atuantes e representativos da literatura afro-brasileira contemporânea. Sua militância perpassa sua vida de professora e de mulher negra de origem pobre e atinge as páginas de seus escritos, configurando o que a própria escritora denomina como escrevivência. Eleger, portanto, a obra de Conceição Evaristo para  leitura na escola não se restringe à mera fruição estética do texto, mas pode contribuir para a formação crítica e humanística dos leitores no que concerne à ressignificação de estereótipos arraigados na sociedade brasileira, em especial, sobre as mulheres negras. Utiliza-se como referencial teórico os estudos da crítica feminista de Saffioti (1987) e Spivak (2010), da literatura de autoria negra de Evaristo (2009, 2017) e Duarte (2011), e os trabalhos sobre literatura de resistência de Bosi (2002), além dos estudos sobre letramento literário realizados por Cosson (2006).