Repensar o ensino de literatura na escola se faz necessário tendo em vista que muitas das práticas escolares de tratamento do texto literário são inadequadas e ineficientes para a formação de leitores literários, devido à insistência em um ensino tradicional pautado em aulas de literatura essencialmente informativas, que focam a historiografia literária, estilos de época, escritores e obras canônicas e dados biográficos dos autores em detrimento do contato real e significativo dos alunos com os textos literários. Diante desse quadro, nossa pesquisa de mestrado propõe uma análise da novela A bolsa amarela, de Lygia Bojunga Nunes, apoiada na Teoria Social do Discurso (uma abordagem da Análise de Discurso Crítica - ADC) e na Crítica Feminista, seguida de metodologias de leitura, análise e discussão dessa obra que facilitem sua abordagem crítica por/para professores e alunos do ensino fundamental II. A presente pesquisa se enquadra no paradigma qualitativo, mais especificamente de estudo temático e bibliográfico. Através da análise, foi constatado que Lygia Bojunga Nunes, na referida obra, propõe uma desconstrução ideológica de valores socioculturais conservadores/opressores ao fazer com que "valores novos", mais adequados a sociedade atual, renovem a tradição de pensamento conservadora. Esse quadro evidencia, portanto, a função social da literatura enquanto agente de formação para uma "nova mentalidade", função essa potencializada a partir das metodologias de ensino que o professor adota em sala de aula no trabalho com o texto literário.