O presente trabalho, desdobramento do projeto da pesquisa monográfica, procura analisar os discursos usados pela censura presente, na Ditadura Militar (1964-1985), para justificarem a proibição do livro, Uma mulher diferente (1965), da escritora Cassandra Rios (pseudônimo de Odete Rios). A mesma nasceu em 1932 na cidade de São Paulo, e em plena ditadura militar escrevia romances sobre temáticas homoeróticas, em sua maioria, sobre amores entre mulheres. Ela trouxe em sua obra, a mulher como um indivíduo que sente prazer e desejo. Como também, fazia críticas à sociedade da época. Tornou-se um sucesso nacional, ao mesmo tempo em que foi muito criticada pelos cânones da literatura, por sua escrita simples, tendo seus livros considerados "subliteratura" e pornográficos, fazendo com que os mesmos fossem censurados. Uma mulher diferente (1965), narra a estória de Ana Maria, que depois de assassinada, descobrem-se que esta mulher é diferente das outras. Ana Maria era "um" travesti, mas, ninguém sabia disso, todos achavam que ela era uma "mulher de verdade". Porém, um grande aspecto que a autora trouxe na obra foi, a maneira como Ana Maria lidava com o seu gênero, Ana Maria não se considerava "um" travesti, mas sim, uma mulher, uma mulher diferente. A análise partirá do parecer de censura do mesmo, onde será realizada algumas questões, como: Qual instituição era responsável pela censura? Como esta se dava? Quais eram os argumentos dos censores para a proibição de livros? Até que ponto o pensamento sobre experiências homoeróticas eram vistas/abordadas na sociedade brasileira no período em que a autora escrevia? Como Ana Maria foi representada no Parecer? E logo após, me debruçarei sobre os livros, para analisar: De que maneira é trazido o Homoerotismo? Se difere ou não do que foi colocado no parecer?