Os mortos não querem volta, publicado em 1999, foi o terceiro livro do escritor (Membro fundado da Academia Russana de Arte e Cultura- ARCA) e advogado Airton Maranhão (1950-2015). Iniciamos a discussão com o título dessa obra pela "provocação histórica" que ele faz, pois partindo somente desse título vemos o desejo de Maranhão em mexer no passado, no morto e com os mortos. No entanto, não tomaremos nessa pesquisa o Airton Maranhão como um objeto de estudo, mas sim vamos perseguir a sua escrita como construtora de memórias a quem e ao que não é devidamente lembrado, constituindo-se assim numa escrita formuladora de sentidos para o passado. Mais que um ofício, uma "missão" inalienável de quem é dito (e se percebe) como portador do dever de não deixar a poeira do passado cobrir tudo com seu manto de esquecimento. Assim, Maranhão trabalhou em sua escrita, sobretudo, com ausências, ausentes que se tornavam presentes em suas narrativas e ganhavam um contorno de passado. O objetivo primeiro dessa pesquisa é investigar a concepção de passado, suas utilidades e suas problemáticas na escrita de Airton Maranhão. Busca-se assim perceber como o autor construiu novos "túmulos" escriturários para os mortos que não querem volta, mas que precisam ter suas ausências inscritas no tempo dos vivos. A metodologia será firmada na análise da obra do autor (Romance, poesia e série de crônicas), mas não uma análise com a pretensão de qualificar a obra literariamente, mas sim trazendo a literatura como objeto da história. Maranhão não queria ser mais um memorialista russano, ela queria ser um literato e desse modo também se inscrever no tempo.