O sujeito vaqueiro é comum ao meio rural brasileiro. Ele surgiu durante o processo de expansão das fronteiras do Brasil colonial. O presente trabalho objetiva investigar como a atividade vaqueira e as palavras que marcam os discursos de seus agentes revelam um sujeito marcado pela labuta diária e delimitam uma contra-resposta ao que a sociedade imagina e enuncia sobre seu ser. O referencial teórico sobre a responsividade e o plurilinguismo dialogizado está baseado em Bakhtin/Voloshinov (2002) e Bakhtin (2003, 2010a e 2010b). Já a teorização sobre letramentos responsivos está baseada em Alves (2017). Através da análise interpretativa das músicas sobre o vaqueiro, foi possível comprovar que a constituição deste sujeito oscila entre sentidos característicos de um vaqueiro de ofício (virilidade, coragem e fortaleza) e os sentidos típicos de um vaqueiro esportista (luxúria, competitividade, proeza). Constatou-se que as músicas sobre vaqueiros efetivam uma manifestação das práticas discursivas em que os sujeitos se engajam ao viverem suas ordinárias experiências responsivas e significantes. A popularização das músicas vaqueiras indicam que os vaqueiros estão praticando letramentos responsivos que (re)definem seus posicionamentos político-ideológicos e que ressignificam a eventicidade do sujeito vaqueiro em relação ao outro e em relação ao contexto em que cada um existe de forma situada porque ser na vida é desenvolver uma resposta situada em meio ao plurilinguismo dialogizado da vida e de suas realizações.