Esse artigo trata da presença da mulher negra na literatura brasileira enquanto produtora de uma narrativa em que ela se coloca como sujeito de voz ativa, construtora de sua história e em luta constante por empoderamento. Perpassando a análise crítica da aceitação da mulher negra produtora de literatura e não mais produto mercantilizado e caricaturado pelo cânone literário brasileiro - composto essencialmente por homens, brancos e de ascensão econômica no Brasil -, o presente trabalho partirá de uma análise marxista sobre o ser social, endossado pelo discurso enquanto ferramenta no processo emancipatório das tidas minorias sociais brasileiras. Esse estudo debruça-se sobre os escritos da autora negra Carolina Maria de Jesus, analisando suas obras do ponto de vista literário, histórico e social. Embarcar-se-á sobre o universo de uma Carolina semianalfabeta, negra, mãe solteira e catadora de papel que encontra na leitura e na escrita sua luta e denúncia contra a miséria e a marginalização dos sequelados pela injustiça social no Brasil. Dantas (1958), classificou os escritos de Carolina como antiquados e pobres, porém, para a surpresa do jornalista e crítico literário, Quarto de Despejo(1960) foi um sucesso nacional assim que lançado. Perpassando-se autores como Toni C. (2009), Mano Cákis (2011), Bacocina (2012) dialoga-se sobre o conceito de Literatura Periférica e como os escritos de Carolina desaguam nesse contexto. Imergindo na teoria da paratopia do autor em Maingueneau (2001, p. 28), analisar-se-á Carolina autora e Carolina ser social, interagindo aqui com a crítica feminista de Zolin (2003) de mulher-sujeito e mulher-objeto. A metodologia de pesquisa abarcará a pesquisa bibliográfica e documental para as análises das obras da autora.