Este trabalho pretende discutir a ação inquisitorial no Brasil, sobretudo na Capitania do Ceará, a partir da análise de processos de bigamia no século XVIII. Por meio do estudo dos processos de homens "que se casavam uma segunda vez ainda sendo viva a primeira mulher" e dos regimentos inquisitoriais podemos vislumbrar não só o funcionamento do aparelho inquisitorial nos sertões, mas também conhecer parte do cotidiano das pessoas que almejavam participar do tribunal, o funcionamento dos mecanismos da Igreja e os comportamentos das pessoas diante as questões impostas pelos agentes inquisitoriais. No longo espaço de tempo durante a perseguição de delitos que eram da alçada do Santo Ofício, uma verdadeira rede se constituiu, e em seguida, se consolidou, a partir de um de agentes locais, efetuando inquirições, capturavam presos com diversos crimes. Entender essas ações em torno do crime de bigamia é uma das formas para alcançar a compreensão das redes de informação e ação do tribunal, já que não houve a instalação do Santo Ofício em nenhum território da colônia portuguesa no Atlântico.