Diante da subjetividade da morte e do Além, o homem, desde o início dos tempos, passou a se preocupar com consigo, com o corpo e com a alma. Rituais foram desenvolvidos. A tradição em torno da morte ganhou grandes projeções em culturas diferenciadas, em especial, na Europa Medieval, ocupando assim, a mente do povo com imagens da vida e da morte que passaram a ter significados diversos para o homem e sua religiosidade. Na Idade Média, a morte tornou-se símbolo de passagem, de travessia, de viagem ao reino de Deus, ou do Diabo. Ela era esperada e nunca, repentina. Tornou-se ainda símbolo de medo e angústia diante do desconhecido; uma dança que levaria a todos ao fim comum: a finitude do ser. Algo que estaria relacionada com aquilo que poderíamos chamar de Céu, Inferno e Purgatório; com anjos, santos, Deus, Cristo, Virgem Maria; Diabo, demônios, pecados etc. Contudo, apesar de estarmos no século XXI, a morte medieval ainda se faz presente na mentalidade cristã contemporânea, refletindo-se, de modo especial, nas artes e nas representações teatrais e culturais. Sendo assim, o objetivo do nosso trabalho consiste em investigar os resíduos da morte medieval na obra de Ariano Suassuna, o Auto da Compadecida.