O presente trabalho tem como objetivo a apresentação dos estudos feitos sobre o projeto de pesquisa "Escapando: a fuga ao recrutamento militar forçado pelos sertões do século XIX", onde estamos analisando sobre sertanejos recrutados à força para servir na Marinha, ou no exército em meados do século XIX. Para isso, veremos como eram as condições da sociedade na época, como viviam aqueles sertanejos e como era a política da sociedade na época. Sem garantia de vida ou proteção política, os sertanejos ficavam a mercê dos recrutadores nos "tempos de pega", como era chamado o período de recrutamento mais intenso. Para escapar do recrutamento muitos desses homens fugiam para a mata, para outras províncias ou se alistavam em grupos de cangaceiros ou de revolta, bem como de bandos contrários ao recrutamento forçado. A "revolta das rasga-lista" , que foi a Guerra das Mulheres, onde elas lutavam contra o recrutamento dos homens que faziam parte de suas famílias ou de suas vidas, é um fator importante para entender a resistência a essa forma de recrutamento. O trabalho é feito com análise de diversos documentos que nos ajudem a entender a vida na época contida nesses registros. Analisaremos os documentos da polícia, a priori nos períodos de 1845 e 1848, onde contém várias prisões, transferências e pedidos de recrutamento bem como outras ocorrências da época que nos mostram motivos dos recrutamentos e condições para que os mesmos fossem feitos. Em uma época de uma sociedade em formação, de uma polícia ainda em seu início, as fugas de recrutamento são uma parte por muitas vezes deixada de lado na história, não consideradas importantes ou simplesmente não estão na preferência dos estudiosos sobre esse período da história brasileira. As fugas ao recrutamento militar mostram sujeitos históricos que não são grandes heróis e nem, provavelmente, fizeram grandes coisas consideradas importantes para muitos historiadores, mas que devem ser consideradas pela história social, pois aí se iniciou a formação dos nossos sertões como conhecemos hoje.