O propósito deste trabalho é construir reflexões em torno da relação entre imprensa e política, história e memória na cidade de Sobral entre a segunda e terceira década do século XX, tomando como fio condutor a trajetória de Vicente Loyola, redator e proprietário do jornal O Rebate. Após uma vida de militância política no campo da imprensa, este jornalista faleceu em 1919 deixando como herança um único bem: a tipografia onde era impresso o seu jornal. O destino deste objeto foi motivo de disputa entre os partidos Conservador e Democrata. A defesa dos interesses do primeiro foi assumida pelo Juiz da Comarca, Dr. José Saboia de Albuquerque; o segundo teve como porta-voz o jornal A Lucta, de Deolindo Barreto Lima. O processo de inventário e a imprensa do período permitem acompanhar esta luta e perceber a força da palavra impressa enquanto ferramenta de construção da memória. A batalha pela posse da tipografia d'O Rebate corresponde, no plano material, ao choque de discursos forjados no processo construção de uma memória de Vicente Loyola e da imprensa sobralense.