HISTÓRIA DE VIDA: UMA ESTRATÉGIA DE ESCRITA BASEADA EM FATOS REAIS

LEANDRO TAVARES DE ARAUJO

Co-autores: FRANCISCA ANTONIA MARQUES, ELANE DO NASCIMENTO VALE, TALITA OLIVEIRA ALVES, MARIA DANIELE BARBOZA DA SILVA, MARIA JANELANY MEDEIROS DA SILVA e MARIA DO SOCORRO LIMA MARQUES FRANÇA
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

 

O trabalho com a história de vida dos alunos possibilita o desenvolvimento de estratégias de leitura e escrita em contextos lúdicos de aprendizagem. Neste relato de experiência, apresenta-se o trabalho desenvolvido no Subprojeto Tessituras de vida e cidadania: ler, escrever e contar histórias no sertão do curso de Pedagogia da Faculdade de Educação de Crateús - FAEC.O referido Subprojeto integra o Projeto "Avida docente na escola: aprender e ensinar pela pesquisa", da Universidade Estadual do Ceará - UECE, do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência - PIBID. O trabalho objetiva apresentar as atividades do clube de leitura relacionadas à história de vida, descrevendo os oito passos em que as crianças trataram de suas vivências no contexto familiar, modos de diversão e sonhos. Essa abordagem, de cunho qualitativo, utilizou a observação e ainda, a análise das atividades desenvolvidas nos últimos quatro encontros, em que os alunos do 4º e 5º ano, da escola Maria Jose Bezerra de Melo produziram textos com os seguintes títulos: "Quem sou eu?"; "Na Minha casa é assim..."; "Eu me divirto quando..." e "Sonhos". Os encontros foram desenvolvidos com base em uma rotina em que constava acolhida com música temática, memória do encontro anterior, roda de conversa, atividades de escrita, apresentação oral das produções e avaliação do encontro. Na roda de conversa os bolsistas de iniciação a docência introduziam a temática do encontro e buscavam conduzir as discussões das crianças, partindo da reflexão da música ouvida. Havia também perguntas que buscavam despertar as falas das crianças em relação ao tema proposto. Seguida a essa conversa, as crianças produziam textos que, ao final da proposta foram reunidos no "Livro de memórias" de cada aluno. Percebeu-se, na análise da escrita das crianças, que falarem de seus contextos familiares desperta sentimentos controversos, dado que em determinadas situações algumas crianças se opuseram a realização da atividade, já outras produziram textos extensos e coerentes. Evidenciou-se também que o fato de haver uma conversa, da qual os alunos participem e dialoguem, contribui na organização das ideias no momento da escrita. A análise permitiu ainda, a percepção das vivências de alguns alunos, seus gostos, anseios e formas de vida em contextos sociais marcados pela exclusão, pobreza, violência e estruturações familiares diversificadas (PABIS, 2012). Houve também crianças que trataram da alegria da vida em família, do prazer de estar na escola e do gosto em falarem de suas vidas no espaço do clube de leitura. A consideração dessa realidade pode prover as bases para o desenvolvimento de estratégias metodológicas de leitura e escrita autônomas, uma vez que os alunos partem daquilo que sabem, porque vivem, e constroem entendimentos novos de suas vivências (KRAMER, 2010; FREIRE, 2011). Conclui-se, portanto que o trabalho com a história de vida pode possibilitar a compreensão dos comportamentos dos alunos no ambiente escolar, bem como o entendimento de que o sujeito que chega à escola é, acima de tudo uma criança partícipe de uma realidade social, por vezes, ignorada pelos entes que fazem a instituição de ensino.