INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM NO ALÍVIO DA DOR NO RECÉM-NASCIDO PREMATURO
Vitória Régia Santos Alves Ramos1
Maria Célia Pinheiro da Cunha 2
Marina Valente Mascarenhas2
Edna Maria Camelo Chaves 3
EIXO 5: ENFERMAGEM EM SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
INTRODUÇÃO
O recém-nascido prematuro (RNPT) apresenta maior fragilidade, pois nasce muitas vezes com vários problemas, dentre eles, distúrbios cardiovasculares, respiratórios, metabólicos, congênitos, além do baixo peso. Ressalta-se a importância de uma assistência diferenciada nos primeiros 28 dias de vida, que é o período neonatal.
O RNPT ao nascer é encaminhado para a Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN). Ao ser internado este bebê está suscetível a inúmeras manipulações que consequentemente poderão vir a causar dor, desconstruindo antigos argumentos de que este era incapaz de sentir o estímulo doloroso devido a imaturidade de seu sistema nervoso. (SANTOS et al., 2012).
Para prestar uma boa assistência ao RNPT, a equipe de enfermagem precisa conhecer os tipos de respostas não-verbais, uma vez que ainda não é possível haver uma troca de informações através do diálogo. É responsabilidade do profissional a identificação e compreensão das respostas comportamentais e fisiológicas no contexto da avaliação da dor e de seus parâmetros. A equipe de enfermagem deve procurar meios para proporcionar um melhor cuidado e manejo nos RNPT, para isso é necessária uma avaliação sistematizada e instrumentos que o auxiliem a decifrar os sinais, mesmo que subjetivos da dor (MARCONDES et al., 2017). A dor sofrida pelo RNPT é resultante dos procedimentos dolorosos realizados durante o internamento. Portanto, questiona-se quais as intervenções de enfermagem realizadas para a promoção do alívio da dor em recém-nascido prematuro?
OBJETIVO
Identificar as intervenções de enfermagem para a promoção do alívio da dor nos recém-nascidos prematuros internados na unidade de terapia intensiva neonatal.
METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão integrativa da literatura. Segundo Soares et al. (2014), essa análise da literatura visa trazer discussões para os resultados já existentes e apresentar novos argumentos que, posteriormente, poderão ser complementados.
A busca na literatura foi feita utilizando a estratégia PICo (P-RNPT, I-intervenções, Co- UTIN). Os descritores foram: "recém-nascido prematuro", "dor" e "enfermagem", utilizando-se o operador booleano AND, com isso, foram encontrados 149 artigos. Foram critérios de inclusão artigos de 2012 a 2018, porém, não houve restrição quanto ao idioma. Já os critérios de exclusão foram artigos repetidos, que não contemplassem o tema proposto e trabalhos de conclusão de curso.
A coleta foi realizada em março de 2019, após aplicação dos critérios, foram selecionados 4 artigos, destes, foram extraídas informações para responder ao questionamento e os dados foram organizados de forma descritiva.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foi consenso nos artigos selecionados que os RNPT sentiam dor. Divergindo entre eles a ideia de que os RNPT sentiam mais dores que os RN a termos que se encontrava na UTIN. No artigo de Santos et al. (2012), destaca-se como preocupante o fato do não reconhecimento da dor como uma variável vital a ser avaliada na prática clínica diária, pois o estado da arte da produção do conhecimento relativo à dor no período neonatal tem sido estudado por muitos pesquisadores. Destaca-se um número importante de profissionais que poderão contribuir com ocorrência de iatrogenias no cuidado ao prematuro, haja vista a possibilidade de realização de procedimentos invasivos e potencialmente dolorosos sem as devidas intervenções para o alívio do processo doloroso.
Grande parte dos profissionais atuantes na área neonatal afirmam o não conhecimento das escalas de avaliação da dor ou a não utilização das mesmas, utilizando assim as alterações nos sinais fisiológicos e comportamentais como parâmetro para a identificação da mesma. (SANTOS et al., 2012).
A dificuldade dos profissionais de identificarem a dor nos RNPT vem sendo um dos grandes obstáculos enfrentados para o tratamento integral e adequado nas UTIN. As alterações fisiológicas observadas são em sua grande maioria a mudança na frequência cardíaca, frequência respiratória, pressão arterial e saturação. As alterações comportamentais são principalmente a manifestação de choro e a modificação na expressão facial. (MARCONDES et al., 2017).
O reconhecimento da dor muitas vezes vem acontecendo de forma não sistematizada e individual, sendo embasada apenas nos valores de formação pessoal do profissional, pelo fato de não haver escalas pré-estabelecidas nos hospitais. Sendo reconhecida por estes profissionais a dificuldade na avaliação e mensuração da dor nos seus pacientes. (SANTOS et al., 2012).
As intervenções realizadas pela equipe de enfermagem para o alívio da dor são as massagens, estabelecimento de um leito confortável, uso de música, fala suave, a utilização da sistematização, a prática de se fazer o pacotinho no RNPT afim de lhe oferecer aconchego, além do uso de sucção não nutritiva e glicose, proporcionando calma e conforto para os neonatos. (AMARAL et al., 2014).
Vale ressaltar que, as intervenções não farmacológicas são tão importantes quanto às farmacológicas, merecendo ser mais bem difundidas dentro dos serviços hospitalares, junto a equipe de enfermagem, por serem métodos de alívio e de prevenção da dor neonatal, além de prevenirem a desorganização, agitação desnecessária e serem de baixo custo (AMARAL et al., 2014).
Os profissionais admitem que necessitam de um maior conhecimento para a prestação de uma assistência adequada e eficaz, sendo visível a preocupação da equipe de enfermagem em possibilitar uma melhor assistência, conforto e promoção do cuidado ao RNPT para o controle de sua dor, com a atuação de uma equipe multiprofissional, incorporando a prática dos métodos de avaliação da dor para essa faixa etária (SANTOS et al., 2012). Além da necessidade de uma capacitação adequada para o desenvolvimento de uma assistência integral, com qualidade e com o intuito de promoção do cuidado.
CONCLUSÃO
Pode-se concluir que as intervenções para minimizar a dor são pouco utilizadas nos serviços, sendo necessário uma melhor formação, dos profissionais que atuam na UTIN. Assim como a sistematização e uso de escalas e métodos não farmacológicos, podem contribuir para minimizar a dor no RNPT.
REFERÊNCIAS
AMARAL, J. B.; RESENDE, T. A.; CONTIM, D. et al. Equipe de enfermagem diante da dor do recém-nascido pré-termo. Esc. Anna Nery Rev. Enferm. v. 18, n.2, p. 241-296. Abr-jun. 2014. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ean/v18n2/1414-8145-ean-18-02-0241.pdf> Acesso em: 10/04/2019.
MARCONDES, C.; COSTA, A. M. D.; CHAGAS, E. K. et al. Conhecimento da equipe de enfermagem sobre a dor no recém-nascido prematuro. Rev. Enferm. UFPE. v.11, n.9, p. 3354-3359. Set. 2017. Disponível em: <https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/view/110233/22160> Acesso em: 10/04/2019.
SANTOS, L. M.; PEREIRA, M. P.; SANTOS, L. F. N. et al. Avaliação da dor no recém-nascido prematuro em Unidade de Terapia Intensiva. Rev. Bras. Enferm. v.65, n.1, p. 27-33. Jan-fev. 2012. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/reben/v65n1/04.pdf> Acesso em: 10/04/2019.
SANTOS, L. M.; RIBEIRO, I.S.; SANTANA, R.C.B. Identificação e tratamento da dor no recém-nascido prematuro na Unidade de Terapia Intensiva. Rev. Bras. Enferm. v.65, n. 2, p. 269-275. Mar-abr. 2012. Disponível em:<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672012000200011>Acesso em: 10/04/2019.
SOARES, C. B. et al. Revisão Integrativa: conceitos e métodos utilizados na enfermagem. Rev. Esc. Enferm. USP. v.48, n.2, p. 335-445. 2014. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v48n2/pt_0080-6234-reeusp-48-02-335.pdf> Acesso em: 10/04/2019.