Myrtaceae constitui uma das mais importantes famílias de Angiospermas existentes no Brasil com mais de 3.500 espécies. A Restinga da Marambaia, localizada na Zona Oeste do Município do Rio de Janeiro, apresenta uma grande diversidade do gênero Eugenia, que inclui a Eugenia astringens Cambess, denominada popularmente de jabuticaba da praia. Ela também é conhecida por exalar um aroma agradável, sendo conhecida como aroma da restinga. É um arbusto de até 3 metros de altura, possui frutos globulosos com até 10 mm de diâmetro que adquirem uma cor negra quando maduros, parecido com uma jabuticaba, que possuem sabor adstringente3. Essa coloração desperta interesse por ser característica de compostos bioativos, como é o caso das antocianinas, substâncias que possuem importantes propriedades, como atividade antioxidante.
Este trabalho teve por objetivo identificar, por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE), as antocianinas presentes nos frutos de Eugenia astringens Cambess.
Os frutos maduros foram coletados na Restinga da Marambaia (23°03'02.0"S 43°35'42.3"W) nos meses de agosto e setembro de 2014. Os frutos foram selecionados, despolpados e pesados em duplicata para as análises. As análises de antocianinas foram realizadas pelo método de extração descrito por SANTIAGO et al (2012), que utiliza solução extratora ácido fórmico: metanol (10:90). A identificação foi feita por CLAE-DAD. As antocianinas presentes na polpa foram identificadas (análise qualitativa) com bases nos espectros de UV/ Visível e comparando com os tempos de retenção de padrões injetados em dias próximos nas mesmas condições cromatográficas. A partir dos tempos de retenção e espectros obtidos, sugere-se que as antocianinas majoritárias presentes no fruto são: delfinidina, cianidina, petunidina, peonidina e malvidina monoglicosiladas.
O fruto estudado apresentou algumas das antocianinas presentes na jabuticaba, no jambo e na uva tinta, sendo que seu perfil foi similar ao da uva. Tais frutos são conhecidos como fontes de antocianinas, portanto, o fruto estudado pode ser considerado uma potencial fonte desses compostos.
Conclui-se que os frutos de Eugenia astringens apresentaram um perfil com cinco antocianinas. Os resultados obtidos chamam a atenção para o fruto ainda pouco explorado cientificamente, promovendo o conhecimento do potencial nutritivo dos frutos da biodiversidade brasileira. Este fruto pode ser utilizado como condimento devido ao seu aroma característico.