XXXIII Encontro Nacional dos Estudantes de Química Universidade Estadual do Ceará 01 à 07 de Fevereiro de 2015 |
Estudo fitoquímico da carrapicho-de-cavalo (Krameria tomentosa A. St. Hil) com potencial antioxidade e atividade acetilcolinesterase.
Diana Ferreira Alves1* (PG), Daniela Ribeiro Alves2 (PG), Halisson Araújo de Sousa1 (IC), João Tavares Calixto Junior (PQ)3, Selene Maia de Morais3 (PQ)
1. Graduação em Química, Universidade Estadual do Ceará, FortalezaCE;
2. Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias, Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza-CE;
3. Universidade Estadual do Ceará, Renorbio, Fortaleza-CE.
Palavras-chave: fitoquímico. Acetilcolinesterase. Krameria.
Resumo
O presente trabalho objetivou realizar a prospecção fitoquímica das folhas da Krameria tomentosa A. St. Hil. (EEFKT), avaliar as atividades antioxidante e antiacetilcolinesterásica, assim como, os teores de flavonoides e fenois totais do EEFKT. O ensaio fitoquímico apresentou a presença de taninos, esteroides, saponinas, flavononas, flavononois, flavonóis, flavonas, xantonas e catequina. Os extratos testados apresentaram boa atividade antiacetilcolinesterasica e atividade antioxidante, confirmando, assim, o potencial farmacológico da espécie.
Introdução
A utilização das plantas para fins medicinais é tão antigo quanto o surgimento do homem, é uma fonte para o tratamento, prevenção e cura de diversas enfermidades sendo repassado seu conhecimento de geração à geração.[DEK1] É muito difícil encontrar alguém que nunca tenham utilizado plantas, ou parte dela, na forma de um " chazinho" [DEK2] para o tratamento de alguma enfermidade.
No Brasil o conhecimento de propriedades terapêuticas das plantas medicinais é um a das maiores riquezas da cultura indígena, este conhecimento popular grande é de importância para a sociedade, desde que os dados dessas pesquisas são fornecidas pela Organização Mundial de Saúde OMS, que demonstram que investimento em estudos de novos fármacos tem sido muito significante nos últimos anos.
Apesar de muitas plantas terem boa atividade farmacológica são necessários muitos cuidados na utilização deste material fitoterápico, pois o uso de maneira inadequada pode provocar graves danos ao paciente ou até mesmo levar a morte.
O gênero Krameria é um único membro da família Krameriaceae, sendo o composto por 18 espécies de arbustos que são encontradas predominantemente em regiões neotropical, principalmente em regiões áridas. No México o gênero compreende 11 espécies e o Brasil comporta 5 destas espécies .
A Krameria tomentosa A. St. Hil., conhecida popularmente como carapicho dos cavalos, carrapicho, carrapicho-de-boi, carrapicho-de-cavalo, ratainha-da-terra, ratânhia-do-Brasil, ratânhia-da-terra, ratania, ratania-de-nova-granada, ratania-savanille, têm sido utilizada na medicina popular no combate de disenterias, estomatites, corrimentos vaginais, hemorroidas, hemorragias e afecções na boca ( BRAGA, 1960; CORREA, 1981; SIMPSON, 1989,1991). A K. tomentosa é encontrada em quase todas as regiões do Brasil. Na região nordeste ela é encontrada apenas nos estados de Sergipe e Alagoas.
Diante do exposto, este trabalho objetivou fazer um estudo fitoquímico da espécie Krameria tomentosa A. St. Hil., quantificação do teor de fenóis, flavonoides e atividade antioxidante e a inibição da enzima acetilcolinesterase (AChE).
Metodologia
Foram utilizadas neste estudo, folhas da espécie Krameria tomentosa A. St. Hil., do município de Lavras da Mangabeira, mesorregião do Centro-Sul do Ceará. O extrato foi preparado por maceração durante 07 dias. Os testes fitoquímicos, visando identificar metabólitos secundários das folhas do EEFKT, seguiu a metodologia proposta por Matos (2009) e foram baseados na observação visual das alterações de cor, formação de precipitado após a adição de reagentes específicos. Quantificou-se o teor de fenóis totais por meio de espectrofotômetro no comprimento de onda de 750 nm, utilizando o reagente Folin-Ciocalteu e a curva padrão do ácido gálico (SOUSA et al., 2007). Para a quantificação de flavonoides seguiu-se a metodologia descrita por FUNARI E FERRO (2006), utilizando o reagente cloreto de alumínio a 2,5%, a curva padrão da quercetina e leitura no comprimento de onda 425 nm. A atividade antioxidante foi seguida pelo método de varredura do radical livre DPPH, descrito por BRAND-WILLIANS (1995) realizando a leitura espectrofotômetro UV-vis no comprimento de ondas 515nm, a rutina foi a droga padrão. Todos os testes foram realizados em triplicata. Para a atividade inibitória da enzima AChE as amostras foram aplicadas em cromatoplaca, após a adição dos reagentes o aparecimento de halos brancos em torno dos "spots" das amostras são indicativos da inibição da enzima AChE. Foi utilizado como padrão a fisostigmina (ELLMAN et al., 1961; RHEE et al., 2001).
Resultados e Discussão
Na prospecção fitoquímica o EEFKT apresentou os seguintes metabólicos secundários: Taninos, esteroides, saponinas, flavononas, flavononois, flavonóis, flavonas, xantonas e catequina, conforme demostrado na tabela 1. Estas são descritas na literatura como responsáveis por diversas atividades de interesse medicinal como antioxidante, bactericida e leishmanicida.
Tabela 1 - Prospecção fitoquímica de Krameria tomentosa A. St. Hil.
Metabólitos secundários |
EEFKT* |
Taninos |
+ |
Fenois |
- |
Triterpenos pentacíclicos livres |
- |
Esteroides |
+ |
Saponinas |
+ |
Alcalóides |
- |
Flavononas |
+ |
Flavononois |
+ |
Flavonóis |
+ |
Flavonas |
+ |
Xantonas |
+ |
Leocoantocianidinas |
- |
Antocianinas |
- |
Antocianidinas |
- |
Catequinas |
+ |
*EEFKT: Extrato Etanólico das Folhas Krameria tomentosa A. St. Hil.
No que se refere às as atividades biológicas, a tabela 2 apresenta os resultados obtidos para o EEFKT, e para as respectivas substâncias padrão. Quanto à atividade antioxidante, a atividade foi considerada boa quando em comparação com o padrão, rutina. O EEFKT apresentou inibição da enzima acetilcolinesterase comparável ao apresentado pela fisostigmina, substância padrão, sendo assim considerado bom inibidor
Tabela 2 - Determinação do teor de fenóis, flavonoides, inibição da enzima AChE e antioxidante nos extratos de espécies de Krameria Krameria tomentosa A. St. Hil.
Amostra EEFKT |
Atividade antioxidante (IC50 mg/mL)* |
Teor de Fenóis totais (mg de EAG/g de extrato) |
Teor de Flavonóides totais (mg de EQ/g de extrato) |
Inibição da enzima (mm) |
EEFKT |
0,504±0,362 |
120,278 ± 2,604 |
1,811 ± 0,1462 |
8 |
Rutina** |
0,0137 ± 0,26
|
- |
- |
- |
Fisostigmina** |
- |
- |
- |
9 |
*Concentração que inibe 50% do radical livre DPPH;
** Droga padrão.
A tabela 2 mostra os resultados do EEFKT onde, na atividade antioxidante apresentou bom desempenho em relação à atividade sendo comparada com o padrão, a rutina, possivelmente devido a presença de compostos polifenólicos, principalmente flavonóides, antraquinonas e taninos, confirmando o bom vom resultado dos teores de flavonoides e fenois totais. A atividade antioxidante de moléculas naturais indica o potencial destes para o estudo e desenvolvimento de fármacos para inúmeros distúrbios que afetam o homem, como por exemplo, a doença de Alzheimer e doenças do coração, que são causados por causa um elevado estresse oxidativo. Por outro lado, radicais livres estão diretamente ligados ao processo de envelhecimento e aumento na incidência de câncer. Portanto, antioxidantes naturais têm elevado valor para pesquisas farmacêuticas. A inibição da enzima acetilcolinesterase apresentou resultado comparável com o padrão, fisostigmina. A combinação destas duas atividades confere o potencial da planta para o tratamento da doença de Alzheimer.
Conclusão
As classes fitoquímicas encontradas no EEFKT são descritas na literatura como responsáveis por diversas atividades de interesse medicinal como antioxidante, bactericida e leishmanicida. São necessários estudos adicionais que complementem a pesquisa dessa planta, pois possui bom potencial farmacológico na procura de doenças neurodegenerativas como a Doença de Alzheimer
Referências
BRAND-WILLIAMS, W.; CUVELIER, M.E.; BERSET, C. Use of free radical method to evaluate antioxidant activity. Lebensm. Wiss, Technology, v.28, p.25-30, 1995.
CRUZ, G.L. Livro verde das plantas medicinais e industriais do Brasil. 1.ed. Belo Horizonte: [s.n.], 1965. v.2. 866p.
ELLMAN, G. L.; COURTNEY, K. D.; ANDRES, V. JR.; FEATHERSTONE, R. M. A NEW AND RAPID COLORIMETRIC OF ACETYLCHOLINESTERASE DETERMINATION OF ACETYLCHOLINESTERASE ACTIVITY. Biochemical Pharmacology,, v. 7, p. 88-95, 1961.
FUNARI, C.S.; FERRO, V.O. Análise de própolis. Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, v.26, n.1, p.171-178, 2006.
GIANNINI, T.C.; TAKAHASI, A; MEDEIROS, M.C.M.P.;SARAIVA,A.M.;ALVES,S.I. Análise de compontes principais (PCA) das variáveis climáticas da área de ocorrência de Krameria loesfl ( Krameriacear). in: ix congr. Ecologia do Brasil, 2009, São Lourenço, MG. Anais...I, São lourenço: UFMG,2009.
MATOS, F.J.A. Introdução à Fitoquímica Experimental. Ed. UFC, Fortaleza-Ceará. p.45, 2009.
SOUSA, M.M.C.; SILVA, R.H.; VIERIA-JR, G.M.; AYRES, M.C.C.; COSTA, C.L.; ARAÚJO, D.S.; CHAVES, M.H. Fenóis totais e atividade antioxidante de cinco plantas medicinais. Química Nova, v.30, p.351-355, 2007.
Agradecimentos
PRAE-UECE, LPQN, RENORBIO, UECE
[DEK1]Cuidado com o autoplagio... se eles perceberem ja era..vc faz mtas vezes entre os 2 textos, este e o do pequi....
[DEK2]rever linguagem