No período que a historiografia atual caracteriza como Idade Média era comum a extrema preocupação com o corpo, enquanto propagador do pecado que levaria os cristãos ao inferno. Esse medo da punição eterna acaba dando origem a uma série de regras e proibições que recaíam sobre os fiéis e suas práticas cotidianas. A desobediência a quaisquer de tais prédicas era considerada desvio de conduta e era severamente punida pela Santa Igreja Católica com as mais diversas penitências: orações, autoflagelo, jejuns e, em casos mais graves, punições físicas e tortura. As punições relegadas aos Hereges- aqueles que blasfemavam e iam contra Deus, a igreja ou suas proibições- tinham um caráter mais intenso e cruel: eram caçados e exterminados. O documento mais característico da perseguição sofrida pelos considerados hereges do período foi o manual Malleus Maleficarum, o chamado Livro das Bruxas, onde foram descritas características de bruxas e bruxarias, como reconhecê-las e exterminá-las. Como forma de alerta, o manual também analisa quadros e xilogravuras da época que ilustram as práticas de bruxaria. É através de uma análise sobre o texto e as gravuras que tentaremos perceber as noções de corpo e pecado da época e como tais conceitos influenciaram a sexualidade dos medievos.