CULTURA POLÍTICA, HISTÓRIA E MEMÓRIAS DO VALE DO JAGUARIBE
MARIA LENÚCIA DE MOURA
MEMÓRIA, HISTÓRIA E ORALIDADE
Esta proposta analisa a história da educação do Vale do Jaguaribe a partir da cultura política e da memória de personagens desta história. Parte do contexto das cidades de Tabuleiro do Norte e Limoeiro do Norte escolhidas como amostra pela proximidade e diversidade de paisagens no período pesquisado, este compreendido entre as décadas de quarenta, cinquenta e sessenta. Como muitas cidades do nordeste, Tabuleiro do Norte e Limoeiro do Norte cresceram em população e patrimônio próximo a capelas, num contexto de descaso do setor público. No entanto o desenvolvimento se deu de forma diferenciada, enquanto o setor econômico de Tabuleiro se consolidava com a cera de carnaúba e algodão, Limoeiro se tornava referência na região jaguaribana no setor educacional, com seminário, liceu e educandários. Na necessidade de construção desta história, as narrativas foram imprescindíveis ao desenvolvimento da pesquisa que buscou na história oral a ferramenta metodológica utilizando os estudos de Pierre Nora, Amado e Ferreira, Matos, Thompsom, Portelli, e contou também com um referencial bibliográfico apoiado em Serge Berstein e Rodrigo Pato Sá Mota para aprofundar o conceito de cultura política e as contribuições teóricas de Vasconcelos Júnior para melhor compreensão do universo pesquisado. A pesquisa documental possibilitou caracterizar o período e o movimento dos personagens na paisagem estudada. Por fim considera-se que a História do Ceará, a exemplo da História do Brasil se desenvolveu atrelada ao conservadorismo da igreja e ao poder de mando das elites para constituir o setor educacional. No que refere a historia da educação do Brasil estas duas forças nem sempre estiveram juntas, a exemplo as reformas pombalinas, o que possibilitou uma regressão no setor educacional, no caso do Ceará, igreja e elite compartilharam dos projetos educacionais. Esta parceria investida de uma cultura conservadora deixou fora do universo escolar a população menos favorecidas social e economicamente das cidades em questão, haja vista nos modelos estudados, das escolas construídas com recursos públicos e com doações da populações apenas uma, em Limoeiro do Norte era destinada ao povo. Desta forma, a cultura política conservadora transforma a partir do já estabelecido, a negação à participação da comunidade na educação, o novo chega transformando o velho que mesmo sendo tão velho quanto o novo, é festejado. E a "cidade/povo" se encontrava nas calçadas e aplaudia a tudo.
PALAVRAS-CHAVE: História, Memória, Cultura Política