MEMÓRIAS EM CURSO: A TRANSFORMAÇÃO DO COTIDIANO FORTALEZENSE FRENTE À CHEGADA DA BASE MILITAR NORTE-AMERICANA (1943-1945).

REVERSON NASCIMENTO PAULA

Co-autores:
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

O presente trabalho analisará as transformações ocorridas no cotidiano de Fortaleza e de sua população a partir da instalação da base militar norte-americana considerando o período de 1943 a 1945, percebendo assim, as modificações nos hábitos e costumes dos cidadãos fortalezenses, tendo como linha de pensamento a instalação física e simbólica de uma hegemonia cultural (norte-americana) na qual se deu no período da Segunda Guerra Mundial. Pretendemos analisar as influencias trazida pelos norte-americanos que para aqui vieram com a instalação da base militar, e acabaram transformando o espaço de sociabilidade, os hábitos, os costumes, as normas de conduta de toda uma época, mediante as alterações na rotina e na convivência com os citadinos. Fatos estes que podem ser percebidos na assimilação da língua inglesa por parte da população, principalmente das moças ávidas pelo ideal de beleza norte-americano, assim como as peças de vestuário e as práticas alimentares trazidas com American way of life. A partir das reflexões feitas por Elias pretendemos compreender o "processo civilizador" existente e a fixação da base militar estadunidense em solo fortalezense após a assinatura dos Acordos de Washington. A partir do desenvolvimento dos ideais de "modernidade" e "civilização" buscaremos perceber a emergência de uma "sociedade de consumo" e assim fazermos uma ligação entre a chegada da base militar e a vinda de objetos técnico-científicos, aumentando assim o consumo material de objetos domésticos. Neste ponto, buscaremos perceber certa transição, repleta de paradoxos, de um cotidiano pautado nos moldes franceses, para um cotidiano calcado no desenvolvimento técnico, no consumo e na aceleração norte-americana. Aceleração que pode ser percebida através da chegada de objetos domésticos que visam à diminuição do tempo gasto em certas tarefas diárias, alterando assim, inclusive a maneira de realizar alguns "afazeres" cotidianos, como mostra Antônio Luiz Macêdo. Para realizar essas análises, utilizaremos como fonte principal jornais da época como: O Nordeste (1940-1947), O Povo (1939-1947), Gazeta de Notícias (1944), livros de memorialistas como Blanchard Girão, Rubem Braga e Marciano Lopes, e para finalizar, faremos uso da história oral para colher relatos de pessoas que viveram na época e presenciaram estes acontecimentos. O método utilizado será a confrontação dos discursos dos periódicos com os documentos citados e a utilização da história oral a fim de entender como a prática se dava no cotidiano da cidade e, a partir daí, analisá-la partindo de nossas reflexões teóricas.