A música, assim como a literatura, expressa a realidade do eu poético, e através dela se propaga sentimentos positivos ou negativos diante de uma determinada situação, seja ela envolvendo, os costumes, suas relações amorosas, as relações sociais, a política e a religião. O presente trabalho discorre sobre a produção musical e a trajetória artística de Luiz Gonzaga. A obra de Gonzaga se insere no contexto das tradições culturais sertanejas sendo impossível não reconhecer na voz do poeta popular o eco dos sofrimentos, das mazelas, das alegrias da população nordestina, principalmente a do sertão. As músicas (letras e ritmos) e a performance do cantador serviram como táticas discursivas para a construção de um imaginário de Nordeste. O baião com seus gêneros executados pelos trios musicais (sanfona, zabumba e triangulo) organizaram performance de palco, além de inserção de símbolos a partir de uma indumentária retirada das tradições regionais (cangaceiros e vaqueiros) e ressignificada pelo artista dentre de um contexto social urbano. Essa pesquisa é de cunho bibliográfico, baseada em teorias interdisciplinares onde objetiva-se fazer um levantamento da produção fonográfica do cantor analisando como a região Nordeste e os nordestinos são representados nas letras das canções. Para a composição do corpus a ser analisado selecionamos a produção fonográfica entre 1955 a 2001 onde realizou-se as análises das letras a partir dos temas recorrentes nos discursos sobre a região: identidade nordestina, estiagem, chuva, práticas culturais, relações entre os seres vivos, a natureza, política e religiosidade. No decorrer da pesquisa, verificamos que as letras das suas músicas mostram aspectos de importância para a produção de conhecimento sobre a região e a cultura nordestina: religião, costumes, tradições e o "sentimento de lugar".