A intenção desse artigo é evidenciar a importância da utilização de textos educativos como fonte na pesquisa social, em particular, no campo da educação. Do entendimento que a reconstrução da memória educacional de um povo pode ser realizada a partir de interpretações de textos escritos, produzidos por autores em diferentes fases da história educacional brasileira, objetivamos refletir acerca das práticas educativas exercidas pelos jesuítas no período colonial, tendo como pano de fundo o documento produzido e adotado pelos jesuítas entre os anos de (1599-1759) denominado "Rátio Studiorum". Compreendemos que, mesmo o documento sendo escrito, demonstra que as práticas educativas daqueles educadores foram centradas na oralidade, desse modo, reproduziram por quase dois séculos de história práticas educativas centradas no discurso oral, tanto por parte dos jesuítas, religiosos que exerceram o papel de primeiros professores no chamado Brasil Colonial, bem como, posteriormente pelos professores que deram sequência a tal ofício. Baseando-se nas operações Becker, como fator metodológico de análise de obras sociais, levamos em consideração algumas operações fundamentais, a saber: a seleção, permitindo conduzir o pesquisador ao entendimento da criação humana como recorte de uma realidade; a tradução, apoiando a mediação entre a realidade objetiva, da qual o sujeito vivencia, enquanto ator social; o arranjo, atitude que poderá se apresentar como arbitrária quando da existência das operações anteriores, por que há uma tomada de decisão e de escolha; e finalizando a interpretação, concluindo o autor que as imagens contidas na narrativa só fazem sentido quando lidas por outrem. A leitura feita por diversos autores em diferentes tempos históricos, retratada através de seus escritos da realidade vivenciada no contexto colonial nos permite realizar reflexões que se mostram no mínimo como reveladoras quanto ao contexto educacional brasileiro existente no período histórico retratado. O estudo sociológico da referida obra permite uma compreensão das imposições sociais do período colonial brasileiro, especialmente no grande abismo existente quanto à educação da população nordestina.