Mito e sabedoria vulgar como princípio histórico da origem do mundo civil das nações: uma reflexão sobre a Scienza Nuova
Nome: Jéssica Holanda Lemos
Orientador: Expedito Passos
Instituição: Universidade Estadual do Ceará
Tendo de início em vista o significado da palavra história, que é a narração de acontecimentos e atividades humanas ocorridas no passado, Giambatistta Vico em sua principal obra Scienza Nuova, que busca chegar a um verdadeiro conhecimento acerca da origem das nações, afirma que a história é a ciência fundadora de todo o conhecimento, e que todas as histórias das nações gentílicas tiveram princípios fabulosos e que os primeiros sábios foram os poetas teólogos. Vico defende que o campo da história é aquilo que o homem cria e onde o objeto de sua investigação resulta do arbítrio humano, e o próprio historiador tem as condições para apreender, o seu objeto. Na busca de investigar como ocorreu concretamente o desenvolvimento e a origem da humanidade, Vico ousa ao considerar o mito como parte integrante da história, em um período que o cartesianismo e os teóricos racionalistas construíam grandes sistemas e que atribuem aos homens de épocas anteriores e primitivas modos de concepções que são próprias de seu olhar presente e não do olhar condizente com o passado. Através da filologia torna-se possível fazer uma análise e se chegar ao conhecimento verdadeiro, nela também está contido as fabulas, os mitos e as tradições do espírito humano, por meio dela também se observa o caráter próprio da fantasia com suas figuras inscritas nas línguas antigas que ao reconhecer ser natural a mente humana obtêm-se valiosas pistas acerca da origem das nações. Um dos maiores representantes de tais escritos é Homero mesmo que aos olhos de Vico ele não tenha vivenciado tudo que descreveu, conseguiu ser magnífico no que diz respeito à forma como expôs as tradições daquela época. Por isso é importante saber que quando se pensa nos eventos descritos pela mitologia, classificada como saber vulgar, no sentido de popular, não deve ser considerados como apenas ficções, já que a poesia era considerada natural e universal da expressão humana e assim tais representações fabulosas representavam para os homens que as criaram personificações imaginativas de verdade relacionadas com suas circunstâncias, Vico tinha por objetivo unir a Filologia com a Filosofia.