UMA UNIVERSIDADE PARA QUEM?: PERCEPÇÕES SOBRE A INSTALAÇÃO E A ATUAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ ENTRE O BENFICA E A GENTILÂNDIA (1955-1967)

RENATO MESQUITA RODOLFO

Co-autores:
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

Uma Universidade para quem?: percepções sobre a instalação e a atuação da Universidade Federal do Ceará entre o Benfica e a Gentilândia (1955-1967)

Renato Mesquita Rodolfo

renato_rodolfo@yahoo.com.br

Eixo temático: História, Memória e Oralidade

O impulso para a realização dessa pesquisa está nas atividades do Grupo de Estudos e Pesquisas em Patrimônio e Memória do Departamento de História da UFC. Sob a orientação do Prof. Dr. Antonio Gilberto Ramos Nogueira, são desenvolvidos vários projetos em torno das temáticas que nomeiam o grupo. Um dos projetos desenvolvidos pelo grupo é voltado para onde a universidade está instalada, nas imediações dos bairros Benfica e Gentilândia, esse projeto busca identificar as referências culturais que se estabeleceram naquele entorno. Isso nos levou a olhar para a UFC de uma forma diferente. Começamos a nos questionar que mudanças ocorreram com a fundação de uma universidade no Ceará e com a instalação dela entre esses dois bairros. As primeiras universidades foram fundadas por volta do século XII e XIII na Europa Medieval. Desde seu princípio, as universidades foram se instalando nas zonas urbanas das principais cidades europeias, no Brasil a primeira a ser fundada foi a Universidade do Brasil no Rio de Janeiro em 1920. Já Universidade do Ceará, como era chamada inicialmente, foi fundada em 1954 por iniciativa da elite intelectual da época, liderada por Antônio Martins Filho. Normalmente os estudos feitos sobre o crescimento e o desenvolvimento de uma Instituição de Ensino Superior se voltam para os aspectos internos da instituição: eventos, seminários, conferências, solenidades, reformas, dentre outros eventos. Questionamo-nos o quanto a instalação da UC mudou não só a paisagem física dos bairros como também as vivências e formas de socialização. O discurso institucional pode ser lido através dos documentos produzidos pela instituição, nos quais vemos justamente todo um emaranhado de narrativas que se atém ao ambiente interno, como se a instalação de um aparelho educacional desse porte não tivesse causado mudanças para além de seus muros e portões. Os relatos de moradores e comerciários do Benfica e da Gentilândia, nesse caso, se mostram como o discurso extramuros, mas não totalmente externo, que nos possibilitam entender e identificar as impressões que tal empreendimento causou e ainda causa nas vivências desses sujeitos que, por mais que estejam fisicamente "por fora" da universidade, são envolvidos nos braços e nas teias das relações que são estabelecidas ao redor dela. Desse modo, a oralidade tem grande importância, tendo em vista que para a mídia impressa do período, dificilmente encontraremos alguma notícia que atente para os efeitos externos da Universidade do Ceará e para a sua interferência nas vivências de seu entorno.