Concepções do trabalho intelectual (1930 -1950): Fran Martins e Rachel de Queiroz - Plauto Daniel Santos Alves (plautyos775@hotmail.com)
Mundos do Trabalho: Classe, Cultura e Trabalho na História
Este trabalho trata da cultura política ativa entre os intelectuais brasileiros a partir de concepções do papel e lugar imbuídos ao escritor, elaboradas por dois literatos cearenses, Fran Martins e Rachel de Queiroz, durante as décadas de 30 e 40, tanto em obras literárias como em discursos e proclamações públicas. Rachel de Queiroz é, provavelmente, a escritora cearense de maior notoriedade alcançada durante o século XX. Suas crônicas (publicadas na revista O Cruzeiro), além dos romances (subsidiários do surto editorial e do aumento da quantidade de leitores vivenciados entre as décadas de 20 e 40) tiveram ampla divulgação na sociedade brasileira, podendo utilizar-se de nomes importantes no mercado livresco do período, como o da casa José Olympio. Na contramão desse sucesso vem Fran Martins, figura intelectual central à dinâmica do círculo de jovens escritores cearenses então emergentes no cenário cultural de meados da década de 40, que, reunidos em Congresso realizado em Fortaleza, colocavam à mostra sua insatisfação no que diz respeito à impossibilidade de inserção no circuito nacional, à pequena margem de chance de sobrevivência imposta àqueles que se aventurassem a viver unicamente do ofício de escritor, às dificuldades de editoração e à debilidade da circulação de suas obras. A este conjunto de fatores, Fran Martins deu o epíteto de "condição provinciana de escrita". Como os dois extremos de uma ferradura, estas trajetórias enlaçam-se na mesma intriga, não obstante, as maneiras com que cada um destes escritores lida com sua "condição de província" divergem em vez de se aproximar.