A Banda de Música da Polícia Militar do Ceará constitui-se na banda militar de formação instrumental tradicional (sopros e percussão) mais antiga do Ceará. Em seus 158 anos de contínuo funcionamento, a Banda da PM guarda um importante acervo musical em sua sede que conta mais de 1000 partituras, entre obras antigas (anterior a 1950) e novas (ainda em uso). Neste espaço foi encontrada a partitura mais antiga que se tem registro no Ceará até o momento: a marcha "A Corporação" de Euclides Paiva, escrita em 1897, levantada pela equipe liderada pela professora Inez Martins. Estudar a história do passado musical cearense dos períodos colonial, Imperial e início da República tem sido uma tarefa difícil para os pesquisadores interessados devido a escassez de fontes musicais que pudessem, até bem pouco tempo, recriar, remontar a paisagem sonora das épocas mencionadas. Neste sentido, o acervo da Banda da PM surge como uma nova possibilidade de fonte de estudo para o conhecimento da história musical e social de Fortaleza, e consequentemente do Ceará, nos períodos anteriores a segunda metade do século XX e, especialmente, no século XIX. Além das partituras, o acervo da Banda conta com uma iconografia significativa deste período e livro com um resumo histórico da Instituição. Os documentos iconográficos, partituras e o livro possibilitam a reflexão sobre quem eram os músicos que atuavam em Fortaleza no século XIX, as funções que esses músicos tinham dentro da banda (instrumentistas, compositores, arquivistas, copistas), que tipo de música (gênero musical) era tocada, ouvida, partindo desta formação instrumental específica, os espaços de atuação da Banda, os momentos sociais em que ela estava presente. O referencial teórico do campo da História permitirá refletir sobre questões ligadas à prática musical, representação, análise iconográfica, temas ligados ao negro e mestiçagem no Ceará numa corelação com a música feita por mulatos no restante do Brasil no período dos séculos XVIII e XIX.