Este trabalho vai tentar reconstituir, através de entrevistas e depoimentos, o percurso histórico do grupo Fratura Exposta, coletivo de artistas atuante em Fortaleza na década de 1980. Nascido no Conjunto Prefeito José Walter, o grupo rapidamente tornou-se destaque no cenário artístico local e nacional, chamando atenção pela qualidade de sua produção plástica e por sua atitude artística vigorosa. Metodologicamente, nos aproximamos da História Oral, permitindo que os próprios sujeitos pudessem apresentar sua visão acerca dos fatos, proporcionando uma perspectiva múltipla sobre o grupo, desde o surgimento até a sua separação. Para isso, a entrevista e a tomada de depoimentos foram as principais ferramentas utilizadas, apoiadas em uma pesquisa documental e bibliográfica que tenta construir uma visão do período histórico e social onde os fatos se desenvolveram. Foram consultados arquivos pessoais dos artistas e dos jornais da cidade. Também foi realizada uma pesquisa bibliográfica sobre os anos oitenta, seu panorama político, social e artístico. O Fratura Exposta surgiu da necessidade que seus integrantes tinham em compartilhar ideias e desejos, de conversar e dividir o sonho de fazer e viver de arte. Existia um pensamento estético definido, um posicionamento político afastado de questões ideológico-partidárias e mais próximo das problemáticas vivenciadas no cotidiano. O mercado de arte, minimamente desenvolvido, de Fortaleza, gerava uma produção acomodada, que não se dispunha a correr grandes riscos. Apesar de inscrito nesse contexto, o grupo escapa a essa característica pela peculiaridade do ambiente sociocultural do Conjunto José Walter e seu relativo isolamento geográfico, que permite a construção de uma leitura distanciada e muito particular do campo das artes na década de 1980. A principal prática do grupo era embate aos modelos estabelecidos com humor e a ironia. Esse humor, aparentemente descompromissado, é um dos elementos importantes que caracterizam a sua atuação e que se apresenta de forma mais contundente nas performances realizadas durante a abertura de suas exposições. O grupo gradativamente ocupa mais espaço na mídia, atuando como elemento de oxigenação do cotidiano repetitivo e enfadonho desses veículos, sempre ávidos pela novidade e pelo espetáculo. Essa possibilidade de renovação é, também, o que movimenta o mercado em direção ao grupo, permitindo, assim, sua rápida afirmação. Desse modo, os integrantes do Fratura concretizam seu desejo inicial ao conseguirem uma colocação no mercado local de arte. Cumprida a missão básica para qual foi pensado o grupo se desfaz de modo quase tão natural quanto como surgiu.