A METODOLOGIA DA HISTÓRIA ORAL NO ESPAÇO RELIGIOSO PROTESTANTE: RELATOS DE UMA EXPERIÊNCIA (2009-2012)

ROK SÔNIA NAIÁRIA DE OLIVEIRA

Co-autores: ROK SÔNIA NAIÁRIA DE OLIVEIRA
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

O presente trabalho tem por intento evidenciar algumas experiências que temos adquirido ao longo de uma trajetória de pesquisa iniciada na graduação, ainda no ano de 2009 na Igreja Assembleia de Deus Templo Central, da cidade de Milhã-CE, e que temos dado continuidade hoje no Mestrado Acadêmico em História da Universidade Estadual do Ceará, onde utilizamos a história oral como um método norteador dos trabalhos. A pesquisa que, de maneira geral, estuda as práticas indumentárias femininas dentro de um universo religioso protestante pentecostal, encontrou no uso da oralidade uma oportunidade de dar voz às mulheres assembleianas, que pertencendo a um grupo altamente sexista, convivem com uma serie de normas no que diz respeito a sua aparência.  Assim, pretendemos relatar neste artigo as dificuldades nos primeiros contatos com o grupo, os critérios de seleção dos entrevistados, e como as entrevistas foram nos levando a perceber que a vestimenta influenciava no estabelecimento de uma identidade para o grupo feminino.  Ressaltamos ainda, que mais do que um método empregado para construir fontes, ouvir o que essas pessoas tinham a dizer e penetrar num grupo que inicialmente se mantinha fechado para qualquer tipo de pesquisas a seu respeito, o uso da história oral nos possibilitou uma relação direta com os sujeitos históricos, o que proporcionou um conhecimento real do grupo, já que também nos inserimos em seu cotidiano, ouvindo seus discursos e ao mesmo tempo observando suas práticas. Desta feita, destacamos que ao longo desta trajetória entrevistamos as lideranças masculinas da instituição, a fim de perceber o "discurso oficial" empreendido a respeito das mulheres e suas vestimentas, ouvimos ainda jovens fieis assembleianas e mulheres tradicionais que pertencem ao grupo desde o inicio de sua fundação na cidade ainda na década de 1960, onde através destas, as relações geracionais são postas em destaque. Evidenciamos ainda, entrevistas realizadas com mulheres que recordam a respeito do período em que se converteram, onde através das memórias percebemos como a aparência feminina foi sendo transformada pelo discurso da Igreja. O artigo é pautado em obras que discutem a oralidade, a memória, e do uso destas para se construir uma história do tempo presente.