MEMÓRIAS E IMPRESSÕES DOS TRABALHADORES GRÁFICOS NA EMPRESA TIPROGRESSO EM FORTALEZA (1980-2012)

LEO NATANAEL DE JESUS ARAÚJO

Co-autores: LEO NATANAEL DE JESUS ARAÚJO
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

NOME: LEO NATANAEL DE JESUS ARAÚJO

EIXO TEMÁTICO: Mundos do Trabalho: Classe, Cultura e Trabalho na História

E-MAIL: leonatanael@hotmail.com

A pesquisa trata das experiências e memórias de trabalhadores gráficos da empresa Tiprogresso,
fundada em 1930, na cidade de Fortaleza, no bairro Centro. Os gráficos entrevistados foram seus
empregados entre as décadas de 1980 e 1990, ingressaram na diretoria do Sintigrace (Sindicato dos
Trabalhadores nas Indústrias Gráficas do Ceará) em momentos diferentes e alguns trabalharam em
diversas outras empresas gráficas de Fortaleza. Apesar da pesquisa partir destas décadas como
referência de análise, considerou-se também as experiências provenientes de outras gráficas e as
temporalidades múltiplas que entram no jogo dos trabalhos de memórias, na medida em que sejam
representadas pelas narrativas dos gráficos. Objetivou-se, desta forma, entender como os gráficos se
reconheceram como parte de uma categoria e de uma classe de trabalhadores a partir de múltiplas
referências: nas relações com o seu ofício, com as máquinas, com a gerência, com a categoria, com
o lazer e a família. Além das entrevistas foram usados jornais, documentos sindicais e fontes
virtuais. Para construir nossa metodologia dialogamos com as contribuições teóricas dos estudos
sobre classe, consciência de classe e experiência dos trabalhadores advindos das obras de E. P.
Thompson, Eric Hobsbawm e John D. French; os conceitos de oralidade, memória e temporalidades
presentes nos estudos de Alessandro Portelli, Elizabeth Jelin e Reinhart Koselleck; trajetórias de
vida e biografias, assim como os estudos antropológicos de trabalhadores informados pelas
pesquisas de José Sérgio Leite Lopes. Os resultados indicam que a rígida disciplina de trabalho, a
exploração de menores de idade e a automação recorrente no setor configuram elementos
importantes para entendermos o regime da empresa e as táticas de resistência dos trabalhadores.
Como se trata de uma pesquisa em andamento as conclusões são parciais e demonstram que as
memórias dos gráficos sobre suas vivências passadas na empresa relacionam-se também com suas
experiências posteriores e como as representaram em suas memórias. As formas como
experimentaram nas vivências passadas e nas memórias a perda de um status do ofício e os
constantes abusos de poder dos empregadores imprimiram marcas que ora reafirmam as construções
identitárias, ora as desestabilizam, demonstrando que as tensões e as ambiguidades são também
parte deste processo ao mesmo tempo coletivo e individual do fazer-se de uma categoria.