PRÁTICAS LETRADAS E PROJETOS POLÍTICOS DE INTELECTUAIS E CLÉRIGOS PARA TRABALHADORES E DESVALIDOS EM FORTALEZA NA PRIMEIRA REPÚBLICA

GLEUDSON PASSOS CARDOSO

Co-autores:
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

O objetivo deste trabalho é analisar as práticas letradas e os projetos políticos produzidos pelos clérigos e intelectuais católicos sobre os trabalhadores em Fortaleza, durante a Primeira República. Após a consolidação do pacto oligárquico no noviço regime republicano brasileiro, foram observadas diferentes mobilizações espontâneas ou organizadas envolvendo trabalhadores e outras camadas menos favorecidas da sociedade à época. Em Fortaleza, além dos saques, da mendicância e de outros "delitos urbanos" provocados pelas estiagens de 1904 e 1915, episódios como a "Greve dos Catraieiros" (1904), a Revolta Popular de 1912, a fundação do Partido Socialista Cearense (1919) e o surgimento de jornais afeiçoados aos ideais anarco-sindicalistas e comunistas (O Combate e A Voz do Graphico, 1922) alimentaram as preocupações quanto à forma laica de organização social e política adotada pelas elites políticas. Neste sentido, as seguintes iniciativas que envolveram a criação do Círculo Católico de Fortaleza (1913), Círculo dos Trabalhadores e Operários Católicos S. José (1914) e o jornal O Nordeste (1922), entre outras ações sugerem que houve investimentos no campo político e intelectual envolvendo a Igreja Católica e homens de letras ligados ao clero diocesano da capital cearense. Destarte, foi percebido que a partir destes espaços os agentes sociais em destaque se empenharam a acompanhar os dilemas enfrentados pelos trabalhadores durante a crise em que se encontrava o Estado brasileiro em sua fase oligárquica e excludente. Esta pesquisa está em andamento no GPESQ CNPQ-UECE "Práticas Urbanas" e é um dos desdobramentos resultantes da pesquisa "Cultura Capitalista e Civilização nas Cidades do Ceará" (1860 - 1960), ligado ao eixo "Práticas Letradas e Urbanidades".