“VIVA AS ALMAS DA BARRAGEM!”: AS DISPUTAS DE MEMÓRIA NA CAMINHADA DA SECA, SENADOR POMPEU – CE (1982-2012).

KAROLINE QUEIROZ E SILVA

Co-autores:
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

 

"Viva as almas da barragem!": As disputas de memória na Caminhada da Seca, Senador Pompeu - CE (1982-2012).

                                                                                         Karoline Queiroz e Silva

                                                                      Email: queiroz.karoline@gmail.com

                                                                        ST: História, Memória e Oralidade.

 

Desde 1982, em todo segundo domingo do mês de novembro, na cidade de Senador Pompeu - CE ocorre a "Caminhada da Seca". Trata-se de uma celebração religiosa em lembrança aos flagelados do Campo de Concentração do Patu que padeceram diante da grande seca ocorrida em 1932. A procissão tem início na Igreja Matriz e percorre um caminho de aproximadamente 4 km chegando ao Cemitério da Barragem para missa campal. O mesmo foi construído em 1980 em homenagem às "almas da barragem" como são chamados os falecidos em 1932. Desde o primeiro evento o número de fiéis que participam da procissão só aumenta. A celebração é dotada de simbolismos que, em sua maioria, remetem ao Campo de Concentração de 1932 e aos mortos, como a oferenda de água ao final da missa para que a terra seca tenha "vida", por exemplo. No interior da Caminhada, há dois grupos envolvidos em uma disputa de memórias em torno das "almas da barragem", são eles: místico- religioso e político-religioso. Em meio a essas disputas existe o pensamento disseminado de que o evento se tornou uma tradição. O objetivo dessa pesquisa é entender como se dá a atuação dos grupos antes citados dentro e fora da celebração e a partir de que momento, nesses 30 anos de Caminhada, eles se diferenciaram e se constituíram enquanto grupos. A partir da análise de fontes produzidas pelos dois grupos e da bibliografia, emergem alguns questionamentos: como os grupos místico-religioso e político-religioso se diferenciam? Onde sua atuação se aproxima e onde se distancia? Como ambos se utilizam das memórias das "almas da barragem"? Os dois grupos, sozinhos, fazem da Caminhada uma tradição? Quais significados a celebração apresenta para os diferentes sujeitos envolvidos? Os dois grupos possuem uma relação com a religiosidade, a partir do momento em que se utilizam desse elemento em seus discursos, seja na reflexão da realidade do semiárido, defendido pelo político, seja nos milagres, ligado ao místico. Portanto, me proponho a análise desses discursos visando delinear o perfil dos mesmos.