A VERSÃO DOS LXX DE ALEXANDRIA: IMPLICAÇÕES SÓCIO-HISTÓRICAS, RELIGIOSAS E CULTURAIS

CÍNTHYA DA SILVA MARTINS

Co-autores: CÍNTHYA DA SILVA MARTINS , NAZARENO DE PAULO DO AMARAL ACÁCIO e ANA MARIA CÉSAR POMPEU
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

No contexto da instituição da monarquia helenística no Egito (século III a.C.), ocorre, no Delta do Nilo, a fundação da cidade de Alexandria, que se constituiria como centro de difusão da língua e cultura grega (ALMEIDA, 2007; CLÍMACO, 2010). Com vistas a fortalecer a promoção do helenismo, é edificada, aproximadamente em 252 a.C., no governo de Ptolomeu II Filadelfo (285-247 a.C.), a Biblioteca de Alexandria, cujo acervo era composto por produções de diversos domínios, como, por exemplo, do domínio da Literatura, História, Filosofia, Religião, Arte, Matemática, Astrologia, Medicina, dentre outros (DIAS, 2009). Entre os escritos acervados na Biblioteca de Alexandria, encontrava-se a versão dos LXX, ou seja, a versão grega da Torá hebraica dos judeus, que, conforme relata Aristeas em sua Carta a Filócrates, teria sido encomendada por Ptolomeu II e traduzida por setenta e dois judeus enviados de Jerusalém para Alexandria do Egito para empreender a tradução. A versão dos LXX, provavelmente a primeira tradução dos textos sagrados dos judeus, ficou conhecida como Septuaginta, em razão do número de tradutores (setenta e dois, número arredondado para setenta), como Alexandria, em razão de ter sido produzida em Alexandria do Egito, e também como Grega, em razão de ter sido a versão mais antiga traduzida para o grego. O projeto de tradução da versão dos LXX e a circulação desse escrito, utilizado pelos judeus da diáspora que não mais dominavam a língua hebraica e sim a grega, têm sido, ao longo dos séculos, tema de diversos debates, que emergem de questões como: Quais as motivações de ordem política, religiosa e/ou cultural para a tradução da Torá hebraica para a língua grega? Como conceber a língua sagrada hebraica a partir da versão dos LXX? Quais as repercussões causadas pela circulação da versão dos LXX no mundo helenizado? Como as culturas judaica e helenística se entrecruzam na investida de tradução da Torá hebraica para o grego? Qual a importância da versão dos LXX para o entendimento da cultura judaico-helenística? Qual o papel da versão dos LXX na escritura e na estruturação da tradição hermenêutica do Novo Testamento? (QUEIROZ, 2007; RUSSELL, 2007; IZIDORO, 2008; SANTOS, 2008; SELVATICI, 2008; SOARES, 2009; FAIA, 2010; FIGUEIREDO, 2010; SZUCHMAN, 2011). Neste trabalho, tratamos dessas questões, trazendo à discussão as implicações sócio-históricas, religiosas e culturais da tradução e circulação da versão dos LXX.