HISTÓRIA, MEMÓRIA E ORALIDADE NO ESTUDO DAS MANIFESTAÇÕES DAS CULTURAS POPULARES

JOSÉ EDVAR COSTA DE ARAÚJO

Co-autores:
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

 

O artigo discute questões ligadas aos campos da história, da memória e da oralidade, presentes no estudo de manifestações das culturas populares. As reflexões apresentadas se originaram, em parte, em recente experiência de mapeamento cultural, em 2012, no município de Carinhanha, Bahia. O processo e o produto do referido mapeamento proporcionaram a retomada de questões recorrentes em experiências anteriores do pesquisador: em 1975, estudo sobre as condições de sobrevivência da literatura de cordel no Ceará; em 1991, pesquisa sobre as festas e folguedos populares no Ceará; entre 1991 e 1994, investigação sobre a Festa do Pau da Bandeira de Barbalha. A comunicação problematiza aspectos da investigação sobre as culturas populares a partir dos pressupostos seguintes: a) a importância das manifestações culturais populares não está no fato de possivelmente se tornarem tradicionais, passarem de uma geração a outra; ao contrário, tornam-se tradicionais na vida das pessoas e das comunidades porque tiveram ou têm algum significado (importância) na produção da vida delas; b) o registro (um mapeamento, por exemplo) alcança a finalidade de valorizar o modo de vida (a cultura) destes indivíduos ou grupos sociais à medida que investiga (descreve e sistematiza) estes significados (importâncias) para a memória individual e para a memória coletiva; c) os significados que as manifestações culturais (populares) adquirem para os grupos sociais que as produzem e para outros segmentos são constituídos, como objeto de disputa, no tempo (são históricos) e no espaço da vida sociocultural (relações sociais e políticas existentes em um contexto). O interesse e a discussão do artigo estão centrados nas possibilidades da construção significativa e válida epistemologicamente de relatos históricos e de análises abrangendo as dimensões políticas, sociais e pedagógicas de manifestações das culturas populares. Para alcançar este objetivo dialoga com contribuições epistemológicas, metodológicas e conteudísticas de variadas feições - Luis da Câmara Cascudo, Gilberto Freire, Nestor Garcia Canclini, Paul Ricoeur, Peter Burke, Giovanni Levi, Gwyn Prins, Gisafran Nazareno Mota Jucá, Maria Juraci Maia Cavalcante, Francisco Régis Lopes Ramos e Durval Muniz de Albuquerque Júnior - confrontando-as com os pressupostos apresentados e com as informações obtidas nas experiências de pesquisa mais antigas bem como aquelas obtidas no mapeamento recente, especificamente em torno de três das manifestações documentadas: a dança dos Caboclos, a Mulinha de Ouro e o Terno da Contradança de Tapera.