Caio Lucas Morais Pinheiro
Mundos do Trabalho: Classe, Cultura e Trabalho na História;
Neste trabalho, discutiremos acerca da profissionalização futebol cearense, analisando a transição do futebol amador para o profissional na década de 30. Nesse sentido, estudaremos um dos principais processos da história do futebol cearense a partir da apropriação do caráter profissional e seus significados para os jogadores/trabalhadores nos campos de futebol. O futebol cearense, na década de 30, passou por mudanças significativas na forma de ser praticado e de ser percebido pela sociedade. O contexto político-social do Governo Vargas propiciou algumas dessas mudanças com as medidas trabalhistas adotadas, aproximando à elite as classes trabalhadoras. Este contato, que era impensado quando o esporte era restrito as camadas abastadas, mostrou-se como uma propulsão para a transformação que estabeleceu bases sobre como o futebol se consolidaria a partir da oportunidade que muitos jogadores viram na profissionalização do esporte amador. Nessa perspectiva, o futebol a partir do aspecto profissional e os jogadores ligados à dualidade entre o mundo do trabalho e do lazer, constituem-se como as questões principais a serem refletidas neste trabalho. Isto é, compreenderemos como vários jogadores passaram a viver do esporte através da remuneração e quais as relações com o cotidiano nas fábricas, como aconteceu com o Ferroviário Atlético Clube. As questões centrais que buscaremos discutir, no primeiro tópico, são: Como o profissionalismo foi incorporado dentro e fora de campo? Quais os significados sociais que permaneceram e que mudaram com o novo caráter que se propagava no esporte? Na segunda parte deste artigo nos deteremos nas seguintes indagações: Em que sentido o surgimento de clubes populares e proletários modifica o ambiente esportivo naquele momento? Quais os significados do "amadorismo marrom" em Fortaleza? As fontes utilizadas para possibilitar essa pesquisa são os jornais "O Povo", Gazeta de Notícias, "O Nordeste" e "Cancha Desportiva", projetos de lei do período do Governo Vargas, além da utilização de imagens da composição de jogadores dos principais clubes cearenses. O quadro teórico constitui-se com a abordagem sobre jogo do filósofo Johan Huizinga, sobre profissionalização dialogaremos com Marcelo Proni e partiremos das ponderações sobre futebol de Roberto da Matta, além de ter como ferramenta o conceito de trabalho. Portanto, este estudo relaciona a realidade de indivíduos que, durante anos, viveram sob a dualidade entre o lazer e o trabalho, a remuneração e a diversão, a cultura do jogo nos entremeios do cotidiano de Fortaleza.