GRENDENE E FTED: DUAS FÁBRICAS, DOIS TEMPOS, UMA SOBRAL.

MARCOS VINÍCIUS LOPES MARQUES

Co-autores: TELMA BESSA
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

 

Grendene e FTED: duas fábricas, dois tempos, uma Sobral.

            Marcos Vinícius Lopes Marques

linkinparkmv.9@gmail.com

 

Esse trabalho propõe analisar, a partir da Fábrica de Tecidos Ernesto Deocleciano (FTED) e da indústria de calçados Grendene sobralense, a história da cidade de Sobral, uma vez que essas duas fábricas são espelhos dessa cidade, respectivamente, ontem e hoje. Na qualidade de 'motores' da economia sobralense, tomam para si, não somente a responsabilidade de abranger uma grande parte da força de trabalho da cidade e da região, mas de trazer consigo o desenvolvimento urbano, socioeconômico e tecnológico no presente e no passado.

Partindo desse pressuposto, nos é permitido analisar diversos temas como: desemprego, a economia, o papel da mulher no mercado de trabalho, o lazer, a sociabilidade, as relações entre empregados e empregadores, as formas de resistência, as chamadas "tretas do fraco"[1], entre outros. Nessa pesquisa, portanto, são imprescindíveis às experiências dos trabalhadores, considerando que eles presenciaram ou presenciam o cotidiano do interior da indústria permitindo assim que se conheçam essas "memórias subterrâneas"[2] e sensíveis, fora do discurso hegemônico e dominador de seus patrões.

Para essa pesquisa então é utilizada metodologia da História Oral, pois essa se configura como uma ferramenta imprescindível que permite uma aproximação com a subjetividade dos fatos históricos bem como dos sujeitos que as perpetram, possibilitando conhecer os "silêncios" por trás dos discursos, uma vez que é com base nessa metodologia que podemos conhecer as memórias dos trabalhadores essas que "sempre lançam nova luz sobre áreas inexploradas da vida diária das classes não hegemônicas"[3], permitindo assim não só se ter um olhar diferenciado sobre as temáticas abordadas como também permite que novas problemáticas surjam com o decorrer das narrativas as quais tiver acesso.

Ademais temos na oralidade uma das únicas formas de conhecer as experiências dos trabalhadores que não dominam a escrita, levando em conta, inclusive, a falta de acesso a uma educação formal de qualidade e a grande parcela de trabalhadores analfabetos ou semianalfabetos, conferindo a essa metodologia ainda um caráter político de preservação da memória dos trabalhadores.[4]

 


[1]              CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano: 1. Artes de fazer. Petrópolis: Vozes, 2007.

[2]             POLLAK, Michael. Memória, Esquecimento, Silêncio. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, vol.2, nº 3, 1989.

[3]          PORTELLI. Alessandro. O que faz a história oral diferente. P. 31

[4]          MONTENEGRO, Antônio Torres. Memória e História. In: Idéias - o tempo e o cotidiano na história. 2ª ed. São Paulo: FDE,1994.