Este artigo problematiza preconceitos históricos relacionados à AIDS especialmente, quando associada aos chamados grupos de risco como, por exemplo, o dos homossexuais e das prostitutas, tendo por base os aportes teóricos do filósofo Michel Foucault, tais como os conceitos de Biopolítica, Biopoder, Dispositivo de Sexualidade e Sociedade de Normalização. Hábitos sexuais, estilos de vida, princípios morais e padrões de cultura passam a ser reavaliados à luz do medo e da doença. Com a ideia de punição que logo é associada a AIDS deixou-se de lado os embates biológicos sobre os aspectos do vírus, para substituí-los pelos combates contra os grupos associados à perda de valores morais e a permissividade sexual, que como fonte de todos os pecados tornou-se o lugar comum para os adjetivos que irão definir a doença tais como "Câncer dos homossexuais" ou "Epidemia gay", criando dessa maneira um dispositivo de sexualidade que irá normatizar os comportamentos sexuais nas décadas de 1980 e 1990 no Brasil.