MULHERES DA LAVOURA: O COTIDIANO DE MULHERES SENHORAS, ESCRAVAS E LIBERTAS 1870/1912

MARIA CRISTINA MACHADO DE CARVALHO

Co-autores:
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

O cotidiano das mulheres entre 1870/1912, especialmente as mulheres negras, mestiças e egressas da escravidão tinha um cenário bem particular. Rita Gonçalves Cazumbá, por exemplo, que vivia no local denominado Fazenda Cruz, em São Gonçalo dos Campos, centro da produção do fumageira do Recôncavo da Bahia nos anos 1870, entronca-se na condição social de escrava que teve oito filhos no julgo do cativeiro com um homem livre, João Cazumbá. Sua condição de mulher e ex-escrava definiria os laços que a "prendiam" no pós-abolição, a luta pela posse de terra que outrora herdara de seu falecido esposo em 1903. Esse fato gerou um processo-judicial por invasão de suas propriedades por um conhecido proprietário, porém o processo foi adiante, sendo Rita obrigada a pagar as despesas dos autos e perder suas terras que haviam sido invadidas. Assim, a partir dos fragmentos das memórias familiares e as pistas e indícios dispersos em registros oficiais, escritos de memorialistas foi possivel montar um quebra-cabeça referente a construção, preservação e ampliação dos laços de solidariedade e redes familiares nos anos finais da escravidão e no pós-abolição, percebendo que, como peças indissociáveis, o cotidiano da fazenda escravocrata, em parte, conservar-se após o fim do cativeiro. As trajetórias percorridas por ex-escravas e o diálogo com as memórias elaboradas por seus descendentes coloca em evidências diversas questões prementes na vida das libertas em 13 de maio de 1888.