Neste trabalho analisamos o lugar que as cidades, a natureza e as memórias ocupam na vida e na luta pela terra dos índios Tapeba. Localizado entre dois grandes centros urbanos e entre mangues, rios e lagoas, o território indígena é multifacetado, inseguro e ameaçado por forças econômicas urbanas e rurais. Neste ambiente instável, os índios afirmam a sua indianidade e se inquietam diante da ausência e demora na demarcação e registro da posse definitiva de suas terras. A (re)construção de memórias e identidades ocorre no contexto de múltiplas fronteiras, interações e conflitos. A natureza, a história e as memórias são requeridas e reelaboradas no reforço identitário. As cidades, por sua vez, são espaços que possibilitam o trabalho e a negociação, mas também, em determinados aspectos, são ameaças permanentes. No entrelaçamento entre o sincrônico e o diacrônico, o oral e o escrito, a história e a memória, é que buscamos problematizar a relação dos índios Tapeba com seus territórios e com as cidades nas quais se inserem ou mantêm proximidades e vínculos. As relações e embates entre índios, natureza, cidades, trabalho e memórias, demarcam e configuram o ser Tapeba em contexto complexo e fronteiriço.